Date:Sáb Nov 10, 2001 8:57 pm Texto:84 Assunto: UM pouco de fatos e atitudes Mensagem:1402

Aloha lista; Como esta é uma lista que se ocupa do xamanismo em várias vertentes me parece interessante questionarmos muito sobre a situação dos povos que tem sido os guardiães desse conhecimento. Antes de falarmos sobre “a volta dos maias” , sobre as “mudanças de consciência que precisamos gerar” , sobre o “sonho de mil gatos (as),” que tal uma maior conscientização sobre o que está acontecendo a nossa volta, a realidade que a Tv, os supermercados e as manipulaçòes várias do sistema dominante tentam manter ocultas de nós, olharmos para o óbvio e o ululante que está a nossa volta, mas que tem sido mantido “secreto” ? Qual a situação dos nativos hoje em nosso continente? E em conjunto com a situação dos nativos , qual a situaçao da mãe Terra? Hoje pela manhã estava assistindo a abertura da Conferência da ONU, o primeiro presidente a discursar , após o presidente da ONU foi o FHC, obviamente tocou nas questões chaves , terrorismo e tal e então fez suas cobranças : Participação do Brasil no conselho de segurança e posturas da OMC em relação ao mundo. Eis o ponto chave que quero tocar, a OMC, organização mundial do comércio e seus modelos. EStamos presos ao paradigma da coisa, fomos coisificados, a natureza foi coisificada, o protocolo de Kyoto ainda é muito citado pouco usado e note-se que tudo que está ali já é superado, é quase um paliativo para os graves problemas ambientais que enfrentamos. Os governos como um todo querem um modelo de crescimento e desenvolvimento onde as pessoas e a natureza foram coisificados. Pelos paradigmas desses países e organizações vamos continuar a explorar de forma desenfreada a Màe Terra, desenvolvimento ainda quer dizer degradação ambiental, agora tem esses papos de “degradação em níveis aceitáveis” , até que pont é aceitável matar ? Ainda são fracos no contexto real os temas como desenvolvimento sustentável e preservação ambiental, todos falam disso, mas na prática as atitudes finais beneficiam o “progresso a qualquer preço” , estou vendo isto diariamente no trabalho que estou fazendo de levantamento para o encontro de ONGs ambientais que vamos promover no sul de minas. O discurso é um, mas na prática do dia a dia o pragmatismo prevalece em atitudes claramente anti ecológicas tidas como “preço pelo progresso” . Há uma “preguiça “ e mesmo “má vontade” em buscar novas formas de lidar com a resolução das necessidades, todo mundo quer ganhar muito, ‘rapido e deixa que a natureza se vira. Grande parte das próprias ONGs tomam atitudes unilaterais, agem em seu campo de um lado e se esquecem que a questão é sistêmica e holística. A questão da crise ambiental é urgente, estamos causando diariamente, danos ao meio . O clima está sendo alterado, o solo empobrecido, o ar poluído, a camada de ozônio comprometida, as águas tanto no mar como nas nascentes e mananciais poluídas. E o problema central é o consumo, consumimos demais, compramos produtos que não tem a mínima base ecológica, por isto tem tanta importância iniciativas como ISO 14000 , que é um certificado dado a produtos que desde a coleta de matéria prima até sua colocação no mercado não agridem o meio ambiente. A propaganda é uma das grandes vilãs neste contexto, induz ao consumo desenfreado, consumimos mais que precisamos e assim esgotamos de forma terrível os recursos naturais. PAra não parecer que estou só abordadando o lado crise é bom lembrar que estamos caminhando por um lado sim, os encontros como a Eco latina de BH , recentemente, mostram que o tema desenvolvimento sustentável está na pauta de muita gente, que a preocupaçao com o meio ambiente chegou em setores importantes. MAs ainda é muito pouco frente a destruição que acontece diariamente, quando o modelo predador ainda prevalece. Fora o fato do total despreparo da quase totalidade de nossos políticos para lidar com tais temas complexos, que ainda se escoram num fisiologismo terrível, num jogo de interesses, sem nenhum real interesse na questão ambiental, apenas a usando como desculpa eleitoreira. Frequento gabinetes diariamente por causa deste meu trabalho com as ONGs, é vergonhoso o despreparo de nossos políticos frente a questão ambiental, fora que as secretárias como meio ambiente em muitas cidades são secretárias de “negociação” dadas a pessoas sem capacidade técnica para exercer a função, apenas jogo político. O planeta está nitidamente doente, respondemos por isso com uma qualidade de vida que cada dia mais se deteriora, vejam a vida nas grandes cidades , com poluição , escasses de água, poluição visual e auditivia, fora as ondas de TV e celulares cujos efeitos nocivos ainda não tivemos tempo de averiguar. O uso indiscriminado de remédios estão criando bactérias super resistentes e doenças como a tuberculose, considerada sob controle, voltam agora , com versões perigosas e letais. Surgem os trangênicos , cujos efeitos ainda não temos idéia do que possa vir a ser, mas o interesse da industria coisificadora, que faz de tudo mercadoria, tem tido lobby para impor isso tudo ao mercado desavisado. TEmos ainda a ameaça das armas de grande poder de destruição, que neste momento estão em evidência, quando sabemos que grupos terroristas não existariam em usar tais armas que comprometem a vida como um todo, quando acuados. Portanto sejamos honestos conosco mesmos ao avaliar nossa situaçao enquanto humanidade e planeta, não estamos bem. EStamos na pior crise que a história conhecida já registrou e estamos na beirada de um abismo. O caos ecológico, social, econômico, existencial nos mira os olhos, isto é um fato que não pode ser mais ignorado. Os sistemas políticos, econômicos , sociais e institucionais estabelecidos faliram completamente, não sabem como lidar de fato com a crise. Assim, buscar novos paradigmas para lidar com este complexo momento é no mínimo um ato inteligente. E a situação os povos nativos? Desde que os brancos chegaram só a destruição tem sido apresentada aos povos nativos, principalmente pela doença, tomada de suas terras, poluição de seus rios. Estive vendo um documentário que a TV cultura exibiu, só vi uma parte dele, a pessoa que gravou prá mim pegou já pela metade, mas é impressionante, da Terra do fogo, extremo sul, aos Crees , povos nativos do Canadá, a situação é a mesma, tomada de suas terras para as “obras do progresso” do branco, dizimação da população nativa por violência direta ou doenças. Na África, Ásia, Oceania, a situação se repete,os povos nativos expostos a destruiçao de sua cultura enquanto a sociedade branca impõe seus valores, em nome de um progresso que só beneficia as metrópoles distantes, rouba o paraíso dos nativos para prometer outro mais além… GArimpo, madeireiras, gado extensivo, construção de hidrelétricas, são apenas algumas das atividades do progresso em nome das quais os povos nativos são tirados de suas terras sagradas, onde repousam seus ancestrais e tocados para outros lugares, a custas de sua cultura, integridade, saúde e vida. E isto continua, agora enquanto escrevo este mail, vai estar continuando enquanto vc vai estar lendo este mail. Então , prá continuarmos a trabalhar o assunto da Tribo do Arco Ïris é bom saber que não estamos falando de coisas diletantes aqui, de “arrepios” , deste pseudo esoterismo que grassa por aí , cheio de messianismos, onde “eles virão nos salvar” , o comando interplanetário e tal. Estamos falando de uma realidade premente, de uma guerra efetiva, onde a vida está em jogo de fato, me sinto a vontade para falar disso, estive um ano e pouco escondido no interior do Brasil com a cabeça a prêmio por ter me envolvido em questões de povos nativos com essas mafias da exploração internacional. Prá mim a batalha da Tribo do Arco Íris não é um arrepio, é uma atitude. EStamos falando da magia em ação, da capacidade de transformar a realidade usando das premissas do xamanismo, usando do conhecimento do Xamanismo, mas de uma batalha real. Apenas não vamos pegar em armas para dar lucros para as fábricas de armas, não vamos matar pessoas que servem este sistema como vítimas deles também, como o são os garimpeiros e outros. A proposta da TRibo do Arco íris é uma luta mágica, mas não uma luta “esquisotérica” , estamos falando em manipular e agir com forças reais, efetivas, que dispomos, mas antes de irmos nessa direção temos de saber onde estamos , como estamos e o que podemos fazer neste contexto para ajudar. Atitudes conscientes de consumo, consumir só produtos oriundos de uma fabricação sustentável, evitar poluir o meio, cobrar de seus deputados e senadores poturas concretas sobre a demarcação das terras nativas, tudo isso são posturas iniciais neste combate, trabalhar com reciclagem, separar o lixo orgânico do inorgânico, são passos iniciais muito importantes. Tem pessoas que adoram posturas megalomaniacas. Sou “ um(a) guerreiro(a) da Tribo Arco íris” e aí vem um monte de viagem na batatinha. Mas é pelas atitudes do dia a dia, na simplicidade do dia a dia que reconhecemos um (a) guerreiro(a) do Arco ÍRis. Um (a) guerreiro (a) é reconhecido (a) pelas suas atitudes, não por teorias, por suas habilidades. Arrogância, manipulação, sentir-se superior aos(as) outros (a) é um claro sinal de delírio patológico de personalidade apoiados nestas propostas. Ser um (a) guerreiro do arco íris é bem longe disso, pois sabe que que é a manipulação, o desrespeito ao espaço do outro , a necessidade de se sentir superior que vem fazendo o homem branco conduzir o mundo a este estado terrível que vivemos. A necessidade de dominar e impor que está na raiz dessa doença que se chama civilização. EStas considerações me pareceram muito úteis de serem levadas a questionamento antes de publicar a segunda parte do manifesto, o “Chamado dos 3 círculos “ . Para meditarmos: precisamos de atitudes, o mundo e nós mesmos precisam de atitudes. EStamos falando da sobrevivência da Vida.