Date:Seg Ago 13, 2001 8:34 pm Texto:71 Assunto: Re: [ventania] a individualidade dos guerreiros(as) Mensagem:1170

ALoha lista; Aloha Dhyana;

Muito interessante as colocaçòes que acrescentas nesse mail

Uma coisa que noto demais é isso, as pessoas seguindo os passos ao invés de entender o caminho, querendo imitar o jeito de andar ao i’n’ves de sentirem a trilha.

Isso acontece demais em várias propostas e diferente não poderia ser nos castenedismos e similares que surgem por aí. No caso de TAisha, Castañeda, Florinda a questão fundamental é o que eles aprendem, as experiências vividas são do contexto deles, são verdades relativas ao tempo e ao espaço deles.

Existe uma diferença entre quem participa e quem imita. Quem participa compreende a essência e vai dar sua leitura num momento adequado , vai dar sua interpretação , quem imita pouco entende, apenas repete algo que acha ínteressante, mas repete a forma sem entender o conteúdo, invalidando assim o aspecto essêncial de um conhecimento iniciático que é levar ao despertar, não ao continuar no sono.

Observo muito isso em pessoas que pretendem estudar a obra do novo nagual, um seguir onde estudar é de maior utilidade.

Mas um risco muto sério é alguém dizer o que um guerreiro ou guerreira deve fazer ou nao.

Só um guerreiro sabe o que deve fazer, ficar de fora dando palpites é achismo e por isso creio que o equílibrio para quem PRATICA o caminho do (a) guerreiro(a) é encontrar o equilibrio entre o que existe sendo ensinado e a própria prática diária.

Como dizia D. Juan Matus as pessoas adoram que lhes digam o que devem fazer, mas gostam mais ainda de fazer o contrário e acabam criando problemas com quem teve a bobeira de lhes dizer.

Creio que existe dois tipos de liberdade. A liberdade que vem da disciplina, do trabalho conosco mesmo e a liberdade caprichosa que é mero capricho.

Me lembro que quando comecei a estudar com Oomoto e o grupo dele eu tinha bastante desta última, gostava muito de ser o “constestador” o que “dá sua própria interpretação” , fantasiando que isso era algum tipo real de liberdade.

Oomoto com toda sua sutileza e sabedoria me levou a perceber que o ímpeto de liberdade era valido, a vontade de ser e estar por mim, mas que este “mim” este “eu” ainda nem existia, que eu era um amontoado de possibilidades, que eu ainda era “ o que fizeram de mim” e não minha essência perceptiva, se construindo a partir de uma localização singular na realidade.

Fico observando as pessoas aqui na lista falarem : “um(a) guerreiro(a) age assim, um(a) guerreiro(a) age assado , gostaria de fazer uma pergunta:

SABem de fato o que estão falando? O que é ser um (a) guerreiro(a)?

Já morreram? De fato não “simbólicamente” ? Tem validado este passaporte dia após dia?

“Já se deram ao poder que a seu destino rege e nada mais tem para nada ter a defender? “

Vivem mesmo cada instante de suas vidas, cada instante, com a meta clara e profunda da liberdade total?

CReio que são metas para se viver, mas quem não está 100% mergulhado nisso pode dar palpites ou dizer : “ na minha opnião” mas não dá prá dizer como um(a) guerreiro(a) deve realmente agir.

A mente da besta, a mente que dorme, o estado de sono hipnotizado que vivemos nos afasta muito da realidade dos (as) guerreiros(as), árdua é a luta para atingir o viver pleno e estratégico de um (a) guerreiro (a) 26 horas por dia.

A luta é continua, na realidade nunca vencemos completamente o medo, a clareza, o poder e a velhice ( velhice entendida aqui como senilidade , não mera idade). ESTamos sempre em luta e um momento de bobeira caímos e perdemos tudo, tendo que começar tudo de novo.

ESta é uma diferença fundamental do estado guerreiro, estamos nele todo o tempo, em combate, nao é um estado como o céu, no qual se chega e se fica por prêmio ou algo assim.

Um (a) guerreiro(a) valida a realidade de sua condição em cada ato que pratica.

A vastidão do mundo da segunda atenção pode nos desviar da meta da liberdade total, somos muito afortunados de termos relatos de pessoas como CC, TAisha, Florinda , entre tantos outros, que nos permitem ficar espertos e não cair nas armadilhas ‘varias.

Mas sem nunca nos esquecermos que temos armadilhas próprias a nossas singularidades, aspectos que eles e elas nunca viveram, pois cada um de nós quando começa a se realizar de fato é ser singular, de singular caminho, com eventos próprios a sua realidade existencial.

Se é verdade exatamente do jeito que eles contam não me interessa tanto, me interessa muito o cerne abstrato das informaçoes, é para eles, estes cernes abstratos , que me abro quando leio os livros desse pessoal ao qual tenho profunda admiração, pela coerência de suas mensagens com o que vivo em minha vida.

O seu comentário sobre o lance da La Gorda e enterrar e tal é muito amplo e pode ter certeza se a maior parte das pessoas que “quiseram” se enterrar o houvessem feito teriam conseguido sim afastar pertubaçoes que lhes acompanhassem, aí entra o lance que acabariam atraindo tudo de novo, mas o fato do poder de se enterrar é poder em si, não depende de crença nem de fé, funciona e pronto.

Intenção, InTento não é fé, é outra coisa e quando fazemos coisas ligadas ao intento dos feiticeiros antigos colocamos em andamento energias sutis.

O problema é que as pessoas querem “adaptar” o SABER a seus eus comuns e isso nunca funcionou. TEmos que ir além do que “fizeram de nós” para realmente sermos capazes de cultivar “ a essência perceptiva que somos” .

É disto que o mundo precisa , nossa resposta singular, por isso concordo com vc que “seguir” o que quer que seja é péssimo.

ALiás sempre considero seguidores algo menos que humanos, pois seguir é apenas imitar e imitar é algo muito limitado. Agora temos que tomar cuidado quando vamos ao universo da magia e queremos interpretá-lo com a mente racional.

Tua interpretaçao do simbolismo terra morte renascimento e tal teria feito D. Juan Matus e D. Genaro rolarem de rir, pois não tem nada a ver com o esquema da feitiçaria.

Quando comecei a estudar magia também tinha mania de fazer tais interpretações, que só agora entendo é uma tentantiva de “psicologizar” o que não é dessa esfera.

Por alguém dentro de um caixão e colocar na terra é funcional em si, certas energias não entram nessa “blindagem” .

Aprendi isso com uma curandeira quando nem sabia o que era CAstañeda, quando iamos lidar com a cura de alguém que tava em estado muito terminal a gente isolava essa pessoa da força da morte e fazia isso levando para uma caverna que tinha num sitio dessa curandeira ou mesmo enterrando essa pessoa, coisa que causava pânico numa familia que já vinha por ultimo recurso a uma curandeira e via sendo enterrado quem justamente elas tinham medo que o fosse para sempre.

Funciona porque é manipulação com poderes da energia da TERRA, sem nada dessa coisa de “simbolismo” , de “relaçãod a maorte simbólica profunda do eu em transformação relacionado com a realidade dialética dos processos que interferem em nossa psiquê permitindo um contato com dimensões ocultas que entretanto agem na formaçao de nosso self.”

É aí que entra a sabedoria do útero, que por mails anteriores seus parece que tu não botas muita fé, mas que é um fato para as feiticeiras e guerreiras que convivo.

Nós homens podemos desenvolver esta sabedoria direta também, nosso corpo de energia tem esse tipo de sabedoria, que vem na forma de insights vigorosos e plenos.

Assim os dois extremos me parecem danosos a uma compreensão pragmática da obra do novo nagual e suas companheiras, a abordagem de quem segue e a abordagem de quem interpreta com paradigmas não relacionais informações que foram geradas dentro de um contexto específico. CC insiste sempre D. Juan nunca quis “ensinar” nada no sentido de um mestre preocupado que seu discipulo se “espiritualiza-se “. Ele estava apenas cumprindo sua missão, dando continuidade a sua linhagem.

Assim acreditar que podemos ir em buscas de naguais que vão nos treinar é total tolice, só há caminho, só há trabalho quando e enquanto há sinais, sinais que vem de uma FORÇA misteriosa, que todos temos acesso mas só os guerreiros da liberdade total tem ido às ultimas consequências interpretacionais e práticas do lidar com este PODER.

E todo trabalho é feito de Ação e nao ação e só a disciplina e o poder pessoal de cada um pode acumular.

Podemos discordar dessas premissas, elas servem para um tipo de caminho, podemos trilhar outros caminhos, há tantos, só não podemos falsear um caminho que já tem suas premissas bem claras querendo criar pseudo interpretaçòes apenas porque nao somos capazes de trilhar com exatidão o que é proposto, então ficamos diletantemente criando justificativas.

Me lembra a história da acupuntura no ocidente. Frente a evidênci que funciona agora querem dar interpretações de “nódulos” nervosos e tal , quando a acupuntura não precisa “ser explicada” pela medicina ocidental, ela já tem sua própria explicação , na complexa idéia dos meridianos e tal.

Assim se não estamos aptos a trilhar a árdua caminhada da trilha dos (as) guerreiros( as) melhor assumir isso e sabermos que mesmo assim podemos usar um monte dos conceitos desse caminho para melhor viver, mesmo uma vida comum, plantando milho todo ano, ano após ano. Com certeza pelo menos o milho, será de ótima qualidade.

CAda caminho tem sua práxis, o poder do caminho do(a) guerreiro (A) é que foi gerado no sonhar, está impregnado do poder de seus praticantes.

Só quem morre pode entrar nesse caminho, não há outro jeito. É fato declarado, o mais é fantasia para fazer de conta é coisa de seguidor(a) que precisa fazer de conta que participa de algo.

E como bem colocas há um abismo entre quem caminha e quem segue.