Date:Sex Abr 20, 2001 7:08 pm Texto:55 Assunto: Re: [ventania] Profecia do Quinto Mundo-considerações (txtolongo) Mensagem:820
Aloha lista;
Aloha Retawe;
A proposta é essa mesma, trocarmos nossas visões de mundo expondo nossas palavras nesta fogueira virtual, aqui ninguém tem pretensão de dono da verdade ou bobeira semelhante, aqui estamos apenas comparando nossos mapas sobre a vasta jornada pela Eternidade que é nosso desafio realizar.
Vou Comentar sua mensagem ao longo dela
Sou novo na lista, mas peço o bastão para expor minhas considerações. Como dizem por aí, que a gente não deve falar muito da história pessoal, passarei direto para alguns comentários do texto enviado pelo Nuvem que Passa.
“É interessante que a mensagem foi escrita nitidamente por alguém americano, pois traça paralelos com o cristianismo e com a Bíblia…”
Sinceramente, não entendi essa idéia de americano, porque me considero deste continente e nem por isso acredito na Bíblia, ou no cristianismo como é descrito pela Igreja Católica ou Protestantes em geral.
Ficou mesmo equivocada a forma de colocar, quis dizer que os norte americanos tem uma abordagem da realidade bem fundamentalista, tudo vira “jesus” , “deus” tudo fica bíblico, tem várias igrejas nativas que fazem uma miscelânea total entre conceitos cristãos e idéias dos nativos. Não julgo se é bom ou mal, creio que isso não existe, mas dentro de uma proposta de liberdade ficar preso a paradigmas cristãos e mesmo de outras religiões fundamentalistas não me parece muito útil, até mesmo a nível psicológico as deficiências dessas doutrinas, nitidamente feitas para enfraquecer e facilitar a escravização , não tem coerência com as propostas do Xamanismo guerreiro.
Além do mais, acredito que é bom conhecer a Bíblia, o Tao-Te-King, os Vedas, Alcorão, etc. Pois todos os livros considerados sagrados, contém o “Ver” tão propalado por D. Juan. (Se alguém não conhece muito, leia o capítulo 15 da 1a Carta de Paulo aos Corintianos, que verá muita coisa boa que tem que acontecer conosco antes de passarmos para outra realidade). Ali fala da transformação que tem que acontecer do nosso corpo físico em corpo etérico. (Isso de Corintiano é brincadeirinha, é aos Coríntios).
Concordo com vc, nos escritos sagrados de todos os povos vamos achar referências de sabedoria, mas o problema é que não é nesses pontos de saber transcendente que tais credos tecem suas teias onde capturam “devotos” e fazem toda a lavagem cerebral que sabemos acontecer que torna o ser humano menor que ele mesmo, um mendicante “servo do senhor” .
A abordagem esotérica das religiões é muito válida, mas é uma minoria que tem acesso a isso, a maior parte do fenômeno religioso opera nos níveis de dominação ideológica e necessidade de converter outros a seus esquemas, sem um respeito profundo e sincero pelos outros caminhos . FAtos observáveis.
Mas todo livro sagrado tem toques importantes, é a chamada sabedoria perene, que mesmo com toda a perseguição e deturpação não conseguiram apagar.
“O xamanismo não tem nada a ver com cristianismo…” Sobre esse texto do Nuvem, gostaria de considerar que Cristianismo genuíno não é o que se prega ou o que se vive por aí. Cristianismo é diferente de Catolicismo ou Protestantismo. Além do mais, se pensarmos em Cristo como um Nagual com seus 12 aprendizes, poderíamos dizer que produziram bons avanços no andamento espiritual da evolução da Humanidade. Penso até, que nosso avanço consciência, passando pela Idade Média, Moderna e Contemporânea, era uma preparação para a humanidade chegar a este último estado de percepção da “Ver” - dade.
Como já comentei numa visão ideal do Cristianismo podemos até nos aproximar disso, mas o intento por trás de todo o cristianismo históricamente analisado sempre foi o de conquistar e dominar, há uma doutrina subjacente de conquistador embutida em tudo que veio com o Cristianismo e isto me parece muito danoso ao ser humano em geral. Creio que a REvolução Industrial não foi um avanço, mas um perder de sintonia que aconteceu, só agora, a duras penas, sendo recuperado por outros camos da ciência que se atreveram, enfrentando a resitência e o preconceito dos “acadêmicos” ousar abordagens da realidade que , surpreendentemente para alguns, são similares as concepções de mundo que O Taoismo e outros caminhos ancestrais apresentam.
“O xamanismo não precisa de Messias, de gurus ou de livros sagrados…” Coloco o seguinte agora, porque tenho lido todos os livros de Castaneda, menos o último, mas pergunto: O que é o Nagual, já que li que sem ele não há liberdade? E por outro lado, o que significam para vocês os 12 livros escritos pelo Nagual de três pontas? Amigos, espero que desculpem minha ousadia ao falar tudo isso, mas são os meus sinceros pensamentos e estou seguindo o caminho há 13 anos.
O espaço aqui é para isso mesmo, trocarmos ideías e abordagens da realidade. Creio que o sentido de Nagual num grupo como o de D. Juan e Castañeda não tem anda a ver com o sentido de messias que coloquei nesta frase, aliás há várias colocações de D. Juan e Castañeda sobre isso, sem gurus, sem messias, pois assim como o cristianismo esotérico é uma coisa ideal, que só poucos trilham e na prática as igrejas cristãs estão apenas interessadas em criar adeptos, números, massa de manobra o conceito de messianismo deixa o ser humano a margem de sua própria história, pois fica sempre aguardando alguém para fazer o que ele mesmo precisa realizar. O conceito de Nagual como líder do grupo, como que tráz a liberdade é eons de distância do messianismo, que é estudado como uma forma de fazer as pessoas esperarem sempre que alguém venha e lhes dê a liberdade.
A Liberdade é uma conquista, um nagual te dá a chance mínima de saber que temos que lutar por esta conquista. O conceito de Messias é completamente diferente, gera dependência, por isso coloco que no Xamaniso Guerreiro não há espaço para tais conceitos que transferem para outros a responsabilidade que tem de ser nossa.
Se lemos os livros da saga de CC vamos notar que D. Juan é um típico exemplo de NAgual, ajudou CC a se ajudar, nada de “guruzices” .
“Enquanto religiões dogmáticas fazem do ser humano um seguidor…” Considero um problema falar em dogmas, porque de uma forma ou outra, me parece que você naturalmente se torna dogmático, quando começa a conhecer e “ver” as leis imutáveis da Natureza. ( espero que considerem que o ato de “Ver” faz você chegar a um estado de percepção onde não existe outra verdade. Se assim podemos dizer.
Aqui eu já discordo totalmente, quando mais nos familiarizamos com a natureza ,com sua essência, não com a descrição social dela, vamos ter mais liberdade, menos “leis” menos “regras” surge outra coisa,q ue não é nunca um dogma, pois dogma é uma verdade inquestionável e os fatos energéticos da feitiçaria não são dogmas, são verdades demonstráveis pela prática. ALiás um dos pilares do TAoismo é o TAO TE KING o Livro das Mutações, nada há de imutável na ETERNIDADE, a não ser sua eterna mudança, se tornar dogmático, cheio de verdades prontas é o equivoco que muitos caminhos mágicos levam, qando a liberdade implica justamente no oposto,:
Não sabemos nada, tudo pode acontecer, somos mistério dentro de mistérios e nunca sabemos de qual moita o coelho vai sair.
“Veremos que a todo instante, alguém está falando em dinheiro…” Nuvem, desculpa que estou te marretando, mas, vejo que não só o dinheiro é o assunto do dia, ou da época, mas também o sexo, não acha? Também o Prestígio ou o apego à imagem pessoal, ou auto-importância, como queira falar.
RIndo, sem marretar amigo, é sempre um rpazer trocar idéias, eu tenho uma forma de falar meio incisiva, que aqui, só no escrito, sem expressões faciais e tons de voz, podem parecer impositivas, mas quem me conhece sabe que não tenho esse peso, estou apenas comparando mapas e busco apenas falar de mapas reais e não os imaginários.
O dinheiro fica como meio de se ter sexo, meio de se ter prestígio e como fator de auxilio a manutenção de uma imagem pessoal. Comentei esse lance do dinheiro porque isso me impressionou, fiquei observando as pessoas no dia a dia e as vi engalfinhando-se pelo dinheiro de uma forma que tudo parece girar hoje em torno de dinheiro, como meio de chegar a estes outros temas que tu colocastes e de fato ocupam o centro de gravitação do ser humano contemporâneo.
“Esta civilização que aí está, tem no ‘ter” e não no “ser” o foco…” Acredito (achismo?) que não é o “ser” o foco, porque o ser leva à auto-importância e nós temos que vencer isso, mas é o “sentir (perceber)” o verdadeiro foco, ou seja, tornar-se consciente. Embora a vontade e a Intenção devam dirigir.
Comunicar é delicado porque precisamos ter certeza que estamos empregando o mesmo sentido para os termos que estamos usando. SER no sentido que usei ali implica tudo, SENTIR, PENSAR , AGIR, que abrangem bem mais que emocionar-se , raciocinar e reagir.
A auto importância é toda preocupação com a fantasia que existe um ego para ser importante. O SER ao qual me refiro é a essência perceptiva , presente no mundo, sem ser do mundo, atuando com foco, não lutando por uma auto imagem, mas expressnado sua essência.
(Será?) De toda forma, no texto seguinte, você concorda com isso quando coloca: “Valorizamos o corpo, a natureza, a realidade sensível e sabemos que temos de começar por estes campos antes de irmos ao além.”
“Onde o povo nativo é quase apagado da história, generalizado e ignorado em sua luta…”
Às vezes fico pensando, se temos que apagar a história pessoal e desprender-nos de tudo, e…, embora tenhamos ancestralidade, acredito que não defendemos uma raça, talvez uma visão do Universo, mas acredito que a Terra não precisa ser defendida, ela se defenderá sozinha, apesar de nós.
Aí entra o grande ponto que divide hoje a TRibo Arco Íris hoje. Alguns creem que somos ínfimos de mais para ajudar a TERRA, que não precisamos fazer isso, que ELA se defenderá sózinha, e que os que se foram tinham mesmo que perder a guerra, os povos que continuam hoje sendo trucidados, paciência , são os insondáveis caminhos da ETERNIDADE.
Sinceramente não tenho esse desapego, sou um caipira chucro, que ama a TERRA, que não quer ficar neutro nessa guerra, mas que também não vou dar bobeira e entrar na guerra dentro dos esquemas dos senhores do mundo. Creio numa luta de magia, como as antigas lendas contam, onde a luta é travada em outras fronteiras, creio também nesta magia no dia a dia, quando ao final de cada dia sou coerente plenamente comigo mesmo, creio que a energia gerada por um dia vivido em coerência com nossa essência gera um tipo de energia que efetivamente auxilia a terra Creio que estamos numa guerra de consciência, de estado de consciência, nós, enquanto humanidade trouxemos o mundo a este estado de crise e desequilíbrio, cabe a nós ajudarmos a restaurar o desequilíbrio.
A TERra pode se defender só sim, com terremotos, e coisas do gênero, mas um outro caminho pode ser tentado. Eu sou , por natureza do clã guerreiro, assim esta luta pela cura da Terra é algo do meu sangue, dos meus ossos e do meu espírito.
seremos nós que teremos que mudar com ela, para conseguir passar para o além, como você disse.
“O xamanismo é um elo direto com a Eternidade.” Noto que é difícil entender a palavra eternidade. Por que não falar em eterno presente ou Presente do Infinitivo? Ou melhor, Um estado sem tempo, já que o tempo segundo A Roda do Tempo, disse que o Tempo é um pensamento e que o Espaço é um Infinito?
PAlavras só aludem, são dedos e para ver as estrelas que apontam não devemos nos fixar neles mas mirar o apontado.
“Não somos pecadores em busca de redenção, temendo e idolatrando um deus punitivo que entregou seu filho para com seu sangue lavar nossos pecados.” Acho complicado falar disso, mas embora concordo completamente com o que você disse, preciso entender que os semitas, eram povos pastores, devido a isso, tinham uma outra psicologia, a qual Joseph Campbell explica muito bem, quando disse que esses povos quando precisavam matar animais, precisavam reconhecer que estavam fazendo algo contra a natureza, matando uma vida. Com tudo isso, não quero defender essa idéia ou justificá-los, mas entender mais fundo seu inconsciente.
“…, o fato de estarmos conscientes, nossa relação dinâmica com a vida e a Consciência.” Neste ponto, apenas gostaria dizer que consciência é percepção de si, o que nós somos? Um ovo de luz? Um ponto de aglutinação? Um Atman? Um ego? Uma bolha dentro dessa cebola de energias esféricas?
Creio que somos a realidade que expressamos a cada momento, a factualidade de nossa presença no aqui e agora. Sem muito racionalismo, somos a realidade que vivemos, podemos ter o arcabouço intelectual mais acurado, mas se a realidade de nossas vidas não condiz do que adianta? Penso que o mais importante exercício do caminho é ao final do dia recapitular todo o dia e que o último sentimento antes de irmos a mundos outros que não esse seja o de satisfação por termos estado presentes onde estávamos e lidado com as situaçõs que a vida nos apresenta como estratégia e foco . O mais é elocubrar para escapar das constataçòes fundamentais. Só temos o momento presente, nada mais que isso.
“O xamanismo é um caminho para pessoas fortes.” O que você quer dizer com isso? O xamanismo não consegue transformar a pessoa? Esse ser forte é algo inato?
O xamanismo é um caminho para pessoas fortes.
Pois é meus amigos (as), estou apenas com minha mandala ancestral no meu peito, porque não tenho cocar, mas tento usar ela com respeito e manter minha consciência presente no dar-se conta.
A idéia do cocar é uma proposta da lista, uma proposta de sintonia, um jogo, uma arte, uma forma sutil de entrar em sintonia e equilíbrio com a proposta que a lista tem que é de partilhar pontos de vista sem proselitismo , apenas ter uma fogueira virtual onde partilhamos nossa abordagem da realidade e as nossas experiências.
Para terminar, quero dizer que estou no caminho, tento manter minha paz, meus sentimentos e percepções em harmonia. Sigo o calendário Maya, faço meus passes mágicos todo dia e tenho recapitulado um pouco. Tenho lido muito, pensado bastante e sentido demais.
Na Paz, passo o bastão.
Retawe falou
Que este seja o começo de um proveitoso e amplo papo entre praticantes .