Date:Sáb Out 7, 2000 3:37 pm Texto:18 Assunto: Mensagens do Vento Sul
Um subtítulo desse mail poderia ser: Mensagens do Vento Sul narradas por Nuvem que passa
Olá lista;
Cá estou de volta na Mantiqueira, ponto de onde costumo entrar na “Matrix” internetiana. Estive ausente do mundo cibernético por estas semanas, em viagens profissionais pelo sul . Tais viagens se caracterizam também por um intenso trabalho mágico, voltado para a energia que dorme , ainda hibernando, sob o manto de gelo na Antártida. Ali, sob aquele continente adormecido , repousa uma energia importante para os eventos futuros que se aproximam do planeta. Gostaria de alertar que nào me afino com quaisquer “apocalipsismos “ tão em moda sobre o tema, tão pouco creio que o caminho da destruição e da morte é o único possível para a transição ao novo mundo que urge surgir como realidade pulsante. Muitos eventos ocorreram estas semanas e creio que partilhar com vocês alguns deles faz parte do novo papel que creio ser interessante para essa lista, uma atividade dinâmica e inserida nesta batalha pela vida, nesta luta entre consciência e inconsciência que agora atinge seu clímax frente a uma série de eventos, entre eles a destruição recorde da camada de ozônio, a compra de áreas estratégicas no sul do Brasil , por empresas de várias corporações visando ter acesso aos imensos mananciais que temos sob nosso solo. Com uma parte do terreno sobre seu controle terá maior capacidade de tirar a sagrada água para benefício próprio aquele grupo que tiver as bombas mais fortes. ( bombas de sucção neste caso, embora saibamos que a outra bomba , a atômica , também determina quem terá mais acesso as reservas naturais deste pais. Me parece que o exemplo vivo do que aconteceu e acontece com os povos nativos por parte de grupos exploradores deveria nos deixar, a todos, de sobreaviso, quando ao que pode se tornar uma realidade imediata para nossas vidas. Tão logo se esgotem as reservas de matéria prima de outros lugares, tão logo a água se torne rara , os conquistadores de sempre nào existirão em vir rumo a nossas terras, em novas ou velhas formas de invasão. Mas a questão vai mais longe. Neste instante existem bolsões de radiação, resíduos das “experiências” com armas nucleares, em lugares diversos do mundo nas pretensamente seguras “ explosões subterrâneas. O poder concentrado de explosões nucleares, que superam e muito a destruição de Hiroshima e Nagasaki, essa pestilência está ali, ali ficará por milhares de anos. Um terremoto, um rachar dos lugares que tais resíduos radioativos estão contidos e a contaminação ocorre. O atol de Bikini. Um dos primeiros lugares para esses testes, isto depois de vários testes a céu aberto, testes nucleares em áreas desabitadas e desérticas, graças aos quais todos temos níveis de contaminação por radioatividade. Este atol guarda o fosso onde o teste nuclear foi feito. Dentro de um espaço vedado toda a contaminação possível por toda a radioatividade gerada está lá e lá vai ficar por MILHARES de anos. estremeço sinceramente ao meditar sobre isso e ainda mais perplexo fico ao notar que as pessoas foram tão hipnotizadas, tão condicionadas, que nem levam isso a sério, continuam agindo como se tudo estivesse “normal”. A destruição progressiva, recorde este ano, da camada de ozônio prossegue. Se uma pessoa está doente, em surto diabético por exemplo, não entra imediatamente num regime efetivo, a fim de salvar sua vida? A sociedade humana, dominada por um paradigma arrogante, julga-se acima de todas as outras que são aceitas como “periféricas” . O saber científico dominante impregnou todas as outras áreas e acabou convencendo que um conjunto estreito de possibilidades existenciais, um conjunto de construções e reconstruções com os mesmos blocos da realidade, apenas isso é a REALIDADE. E o saber ancestral, o saber oriundo de uma antiga civilização também planetária foi progressivamente abandonado. Este o primeiro ponto a ser revisto. Se analisarem ANgkor, as pirâmides tidas como de Queops, Quefren e Miquerinos, a Esfinge e outros vestígios desta ancestral civilização notarão que a esfinge só vai estar mirando a constelação de Leão, as três pirâmides só vão estar alinhadas com certa constelação, a antiga cidade de Angkor só vai estar alinhada em seus templos astronômicos, se voltarmos o alinhamento do eixo da Terra em relação as constelações ( devido a precessão dos equinócios) em coisa de 10.500 anos atrás. Esta civilização global era muito distinta do que hoje chamamos de civilização. Noutro momento falamos dela. O fato é que soçobrou. E aspectos seus tentaram manter o que fora salvo do antes vasto saber dessa global civilização. Alguns lugares do globo pareciam concentrar centros de atividades intensas. Nota-se que no vale do México, nos Andes, na Amazônia, no Norte do continente africano, em certas ilhas e pontos da Europa, no médio oriente, nos Himalaias, enfim em muitos pontos do globo sobreviveram herdeiros e herdeiras deste antigo saber. Mas também vieram a agir outros grupos, com outra forma de se relacionar com o mundo e com as pessoas a sua volta. Dominação e subjugação começaram a existir como prática comum. Tornar outro ser humano mero objeto e desrespeita-lo em sua liberdade de perceber a realidade como queira, reduzindo a percepção a um conjunto estreito de regras pré determinadas. É possível observar como este estado de consciência limitante que preza a dominação e subjugação, vai surgir em vários pontos do globo, gerando guerras de conquista e de subjugação. Na natureza temos o parasita e o predador, mas também temos organismos que desenvolvem um mutualismo, um comensalismo e chegam a atingir uma relação simbiótica com o meio a sua volta. Por que não seguir por um caminho que leve a este tipo de integração com o meio e com as pessoas a nossa volta? Por que insistir em trilhar um caminho de exploração desenfreada e destrutiva do meio ambiente , condenando a nossa própria geração, que não dizer das que virão, a um mundo parco de recursos, com baixa qualidade de vida? Insistir neste tipo de comportamento é obedecer a agenda de uma terrível Matrix, que ao contrário da do filme ainda não atingiu seu objetivo, mas caminha a passos largos, tendo muitos, muitos humanos a servir de “baterias” e “extensões biológicas” de seus programas que visam sempre Controlar e Dominar” . Seres humanos tornados meros instrumentos de uma ação que visa em última instância dizimar todos os seres humanos e vários outros tipos de seres hoje do planeta para substítuí-los por outros. A verdadeira batalha que se trava hoje neste mundo é entre a mentalidade que sente e percebe o mundo como Vivo e consciente e aqueles e aquelas que foram limitados a perceber o mundo como coisa e assim destroem a vida, pois insensíveis são a magia que os cerca e envolve. Como uma árvore que destruísse o solo onde tem as raízes seguras. Grandes transformações estão acontecendo. A Tribo do Arco Íris está em plena atividade neste combate. Mas a Tribo do Arco Íris não usa armas, pois sabe que as mesmas armas que matam tiranos matam também os amantes e as amantes da liberdade. Sacrificar vidas pela liberdade é fazer a liberdade adquirir o mesmo status de resignificação dos conceitos de deus e amor, termos usados através da história para justificar atos belos e atrocidades. A liberdade que a Tribo do Arco Íris lida é uma realização pessoal. Assim é sutil o combate, pois sutileza e auto controle são armas que a Tribo do Arco Íris tem como mais importantes que as fabricadas. Indo ao Sul , vendo a vastidão, sentindo os ventos que vem do continente adormecido, onde também existe água doce em abundância, senti os sussurros da vastidão e percebendo a efemeridade do que aqui existe, percebi como devemos nos empenhar , por atos , não em teorias, pela cura do Ser Terra. Estive em reunião com algumas industrias de tecnologia pesada e algumas do setor petrolífero. A única chance do ser Terra perante os conselhos consultivos e as diretorias desses grupos é que “ecologia” é um bom fator de “marketing” para a empresa e neste mundo globalizado nada, nada mais importa que ter um “diferencial” para vender mais . Já trabalho há alguns anos na área de consultoria e isto sempre me surpreende. A total alienação quanto a realidade viva que estamos e a total dependência de fatores monetários para avaliar seu desempenho. Alguns critérios como qualidade de vida e satisfação pessoal começam a ser discutidos e fazem parte de “programas de melhoria” , mas no fundo da motivação voltamos ao financista: pessoas motivadas produzem mais. Esta abordagem se estende a outros setores da vida e noto as pessoas lidando com tudo financistamente. O que eu ganho com isso? Onde isso me leva? Noto como as pessoas estão presas a estes conceitos até mesmo nas abordagens que fazem das realidades transcendentes. Enquanto o ser humano não perde seu conjunto de condicionamentos base, seus paradigmas que atuam como verdadeira trava, impedindo sua percepção de alinhar-se com outras realidades e consequentemente com outras formas, outros estilos de sentir, de pensar e de agir. ESte é um ponto que passa muito longe da maioria das pessoas que diz praticar o xamanismo. Consideram que o xamanismo é o lado exotérico, externo das culturas tribais que freqüentaram e assim apenas resignificam termos, usam termos diferentes, como Manitu, Águia mas como outros que falam de Tao ou Intento, apenas mudam o significado da mesma limitação conceitual na qual operam. Agir efetivamente em outras realidades começa com a libertação do que nos condicionaram a ser e a busca do que realmente somos, em essência. Recolher-se em seu cerne, o local vazio e silencioso, onde não existe nenhuma programação, nenhuma referência, onde podemos levar ao desabrochar a singularidade que somos. A ARTE se presta a esse caminho. A ARTE é um caminho.
Viver intensamente cada instante é algo que pratico também, me parece que a vida tem outro sabor quando nos libertamos dos medos e ansiedades que mantém nossa pecepção no futuro e dos rancores e irresoluçòes que a mantém no passado.
Mas sinto que existem duas abordagens nesta forma.
Viver cada instante como se fosse’o último é uma forma de abordagem. Viver cada instante como único é outra abordagem.
Sutil diferença, mas creio que foi graças a minha lua em gêmeos que entendi essa diferença, que para um escorpionino é vital, pois pela percepção da sutileza a busca da profundidade e transcendência que um escorpionino tem como força motriz da vida, pode atingir uma sobriedade que evite caminhos auto destrutivos.
Viver cada instante como único tem uma sutil diferença de viver cada instante como o último. O jeito de sentir, pensar e agir relacionado a cada uma dessas formas tem nuances sutis e me parece que agir a cada instante como único define uma certa sobriedade, que nenhum de nós, ao menos a maioria, não tem naturalmente, é algo que precisa ser desenvolvido.
Pensando astrológicamente eu diria que a sobriedade a qual me refiro seria o 13º ponto do zodíaco, o ponto central, onde o que (a) adquiriu a dupla face pode contemplar os 360º da roda zodiacal simultaneamente, tendo atingido a realização, os 12 trabalhos de Hércules realizados.
Assim quando li essa idéia de estar intensamente no presente, sentindo cada momento, cada célula do corpo, cada inspiração , cada expiração é o espaço entre elas me pareceu interessante partilhar essa sutileza de abordagem desse estado.
O conceito de “entregar-se” de estar “fluindo” com a vida me parece um tema importante de ser reavaliado.
O conceito em sua vertente taoista, Zen, xamânica e de algumas outras abordagens da realidade parece bem distinto do conceito em seu senso comum.
Dentro de todas essas considerações me parece que o estar presente em cada momento como se fosse único implica em ser “alguém” . E as vezes me questiono quantas pessoas percebem que sem um trabalho árduo somos um amontoado de jeitos de agir, de emocionar e raciocinar, que pouca ou nenhuma unidade tem, guardando em nós os mais antagônicos modos, e reunindo isso tudo numa aparente unicidade que ilusoriamente chamamos de “eu” . Assim quando vejo estes questionamentos sobre o “estar plenamente aqui e agora” me parece sensato questionar quem é este “eu” que vai estar, pois se não alcançamos ainda a unidade existencial que ilusão será esta de que de fato vivemos, quando apenas sobrevivemos, que de fato agimos quando apenas reagimos, respondendo a estímulos diversos, como alinhamentos e oposições entre astros distantes, ou odores que inconscientemente nos sensibilizam. Viver intensamente cada momento como único é algo interessante porque me parece não uma opção em si, mas resultante. Creio que não basta o mero desejo ou a mera palavra para de fato”viver intensamente” cada instante. Precisamos aprender sobre o mistério da presença, um mistério fundamental, o mistério que nos permite de fato existir , de fato SER.
Só quando estamos de fato presentes no aqui e agora somos, existimos enquanto entes singulares, no mais me parece que as pessoas são apenas organismos a mais entre tantos, que processam substâncias densas e sutis, físicas e energéticas, para o grande organismo cósmico no qual estamos inseridos.
Quando este estado de consciência ocorre, quando “Sentimos “ a vida em cada’célula e somos presentes a certeza de que só existe o aqui e agora , que cada momento é de fato único surge clara como a luz do Sol.
Algumas considerações que me vieram pelo tema;