Date:Seg Set 11, 2000 1:39 pm Texto:16 Assunto: Caminhos, benfeitores, metas

Olá Sombra;

Excelentes seus questionamentos.

De fato o mais importante é nào ficarmos presos a idéias prontas, ainda mais idéias que foram apresentadas em outro tempo e lugar. Vou aproveitar os mesmos para tecer alguns comentários. G. teve um grande valor por trazer a tona conhecimentos antes restritos a grupos bastante fechados. Foi antes de mais nada um buscador que se atreveu a ir muito longe em sua busca e criou um sistema muito interessante de auto desenvolvimento, autoconhecimento. Lendo suas obras notamos que existem ali colocações das mais sérias e relevantes ao nosso caminho rumo ao despertar.

Mas como esta é uma lista de Xamanismo, não de Quarto Caminho, podemos mesmo questionar várias das abordagens que hoje estão abrigadas entre o “gurdjiefianismo” e mesmo muitas das coisas que G. colocou.

Uma das primeiras críticas que se faz ao sistema exposto por G. é que ele não logrou gerar sucessores a altura do Mestre. Veja o caminho Tolteca de D. Juan gerou Castañeda, isto como exemplo. Mas não temos uma linha de sucessão nos ensinamentos de G. Ele mesmo declara que uma escola de quarto caminho se manifesta num certo tempo e lugar com uma mensagem e missão específica e quando esta missão está concluída tudo termina , os que aprenderam algo continuam de sua forma. Por vezes alguns tentam continuar o ritmo da escola, mas sem as conexões interiores,muitas vezes imitam a forma sem entender o conteúdo. O mesmo ocorre em vários caminhos de xamanismo. Os praticantes que possuíam as chaves, a essência do caminho se vão sem deixar herdeiros e então outros que viram a parte formal, as aparências, passam a imitar gestos e ritos, sem entenderem a real essência do que era feito. Existem muitas similitudes em termos de proposta entre o Quarto Caminho tal qual é apresentado por G. e o Xamanismo Guerreiro. Em ambos se busca o trabalho sobre si como base, o despertar deste nível de realidade para outros, a certeza de que temos de construir nossa individualidade, que no começo somos “aglomerados” de estilos de agir, pensar e sentir, sem a presença de um “EU” efetivo, que precisa ser desperto e desenvolvido.

Mas existem também muitas diferenças de abordagem da realidade. O ponto mais forte aqui é que G. tinha uma abordagem bem complexa da realidade, algo que não sinto em seus “seguidores” que se dedicaram a seguir “aspectos” do que G. deixou. Por isso é sempre complexo falar do que G> ensinou. Podemos falar de aspectos de seu saber que sobreviveram mas a totalidade se foi com ele.

O xamanismo é um processo vivo, ainda presente nas culturas nativas que sobreviveram ao genocídio e a deturpação de sua cultura. Mesmo alguns dos Grupos étnicos que foram oficialmente exterminados tiveram sua sabedoria salva em células que permaneceram praticando e transmitindo o saber herdado. Todo o trabalho do Nagual Carlos Castañeda tem essa origem, uma linhagem secreta, sobrevivente da destruição do Império Tolteca. Existem diferenças sim entre as formas de abordar e desenvolver o conhecimento, mas existem similitudes e constações também de todo coerentes.

Existe um primeiro problema para falar tanto de Gurdjieff e sua obra como do Xamanismo. O contexto existencial no qual estamos imersos nada tem a ver com a proposta desses caminhos. A mente usual nada tem para oferecer, se não estiver já previamente “ maturada”, em relação a estas propostas. Assim o que parece ser um questionamento é muito mais a mente concreta, limitada, tentando entender algo que escapa em anos luz a sua alçada.

Os questionamentos que observo sobre ambos os caminhos, xamanismo e o Quarto Caminho de G. revelam mais sobre os limites conceituais de quem questiona que sobre os caminhos em si. Tenho acompanhado muitos caminhos ditos iniciáticos por estes anos e noto que existe sempre um certo momento no qual as pessoas questionam os caminhos, algo em si louvável, pois questionar é sinal de inteligência. Mas a forma pela qual fazem este questionamento é que deixa a desejar. Agem aqui como os físicos newtonianos que questionavam a nascente teoria quântica. O limite de seus questionamentos estava no fato que usavam de seus limitados paradigmas para inquirir um campo que está além desses paradigmas, que era justamente a superação desses paradigmas. Por isto considero muito delicado quando vamos questionar o trabalho de G. e do Quarto Caminho. Teremos de fato o instrumental cognitivo para tal questionar? Teremos as realizações mínimas necessárias para trabalhar com um caminho que está além dos limites cognitivos usuais? O mesmo ocorre no Xamanismo. Ele tem práticas e abordagens da realidade que contrariam muito do que se convencionou hoje chamar de “esoterismo” e “espiritualismo” . Especialmente certos caminhos como o Tolteca, que estão a anos luz do convencional “espiritualismo” . é muito mais fácil um físico teórico de orientação materialista entender os conceitos do Xamanismo Tolteca que um “místico” , um “esotérico” que vai deturpar os conceitos ali apresentados com sua carga de “crenças “ oriundas do misticismo judaico cristão.

Outro dado importante é que os povos nativos tinham sua religiosidade, e tal religiosidade , como a da nossa cultura, estava imersa em seus contextos étnicos e culturais. Assim, não é porque certo conhecimento veio de um povo nativo que estamos falando de um Caminho de auto conhecimento, de uma Tradição ligada a fonte.

Muitas das linhas de religiosidade dos povos nativos estão tão impregnadas de conceitos limitantes quanto as nossas religiões, que um dia também já foram caminhos de auto conhecimento.

O que diferencia é que nenhum povo nativo, antes de sofrer profunda deturpação, perdeu a sintonia com a MÃE Terra , com o PAI Sol e com a VIDA em suas diversas formas. Isto dá um poder diferente as tradições nativas, algo que só vamos encontrar igual nas tradições mais remotas, como o TAOISMO e outros caminhos mais ou menos recuperados nos dias de hoje.

O xamanismo tem uma abordagem eminentemente orgânica da vida e da natureza, assim, para nós xamãs, o termo máquinas para se referir ao ser humano carece de plenitude. é inexato porque a máquina é algo artificial, uma máquina nunca vai se tornar um ser orgânico. O ser humano embora preso a um estado existencial que grande similitude guarda com as máquinas pode a qualquer instante despertar, se reconectar a fonte e isto não pode nunca ser esquecido, essa natureza distinta da realidade das máquinas.

O estado psicomental do ser humano o restringe a uma condição quase de máquina, mas a realidade dinâmica dentro da qual a vida se manifesta torna mesmo nesse caso, este termo imperfeito. Temos que lembrar sempre que quando alguém vai ensinar algo usa das analogias de sua época. Chamar o ser humano “ normal” de máquina é um artificio engenhoso usado por G. para seu momento de instrução. Mas como tudo mais que ele fez , estava ligado ao seu tempo e espaço, hoje estamos noutro contexto. G. usava todo o misticismo cristão, a idéia de “espirito santo” , falava de um Deus , falava dentro da forma de compreender dos que pretendiam com ele aprender. É claro que ele sempre insistia : “isto é um conhecimento novo, não usem as mesmas formas de compreensão que estão acostumados” . Mas hoje assistimos muitas pessoas lendo os textos deixados por G. ou por seus alunos mais diretos, mas dando um significado a tais termos dentro do contexto cultural no qual estão inseridos, esquecendo desta recomendação fundamental que cada ser que começa a ensinar faz: “Entendam que é algo novo que vos ensino” .

Estamos sempre a comparar, a tentar encontrar similitudes entre o saber que chega e o que temos em nossos arquivos. A mente funciona assim. Por isso os Zen, os Taoistas, os Toltecas e tantos outros riem da tentativa de apreender o transcendente com um instrumento que só opera dentro do imanente. A mente tal qual está hoje configurada nos seres humanos tem uma grande utilidade na realidade cotidiana, mas de nada vale fora desta realidade. temos outras habilidades cognitivas que precisamos aprender a desenvolver , são estas outras habilidades que podem nos apoiar para a grande aventura da viagem pela imensidão que nos envolve.

Por isso tais trabalhos, como o de G. vem acompanhado de exercícios, de práticas, de “tarefas” que o(a) “benfeitor(a)” ( não conheço termo mais adequado e ausente de confusões) apresenta ao aprendiz.

São esses exercícios e situações especiais que o (a) benfeitor(a) gera que dão sentido real as palavras. Os termos que G. e outros (a) como ele usam em uma aula, em uma palestra, em um simples bate papo estão ligados ao momento, as situações que ocorreram , as situações que ele(a) como ser desperto usa para causar “choques” que ajudem quem aprende a “despertar” , isto é , tornar-se ciente de si enquanto essência perceptiva, deixando de se identificar , de se diluir no contexto onde está.

Este ponto é comum em ambos os caminhos.

Quebrando as rotinas, abandonando a importância pessoal estão os(as) xamãs guerreiros(as) trabalhando com a mesma meta do Quarto Caminho. Lembrar-se de si, trazer-se a existência como participante, não como mero impulso a reagir frente aos estímulos que a Eternidade nos oferece.

Recuperar nossa condição de PARTICIPANTE na realidade.

Deixar de sermos objetos para nos tornarmos SUJEITOS.

Estas bases que levam ao despertar a maestria de si mesmo são comuns a estes caminhos.

As linguagens variam mas em ambos os caminhos estamos vendo a proposta de deixarmos de ser entes adormecidos e manipulados por ideologias oriundas de sistemas que geram a desarmonia, a destruição e o alienamento de nós mesmos.

G. é um bom exemplo dos videntes que no xamanismo guerreiro recomeçaram a divulgação do caminho após a queda do Império Tolteca.

Cientes de como o ser humano podia se enganar, dos perigos reais que existem em outros mundos, mundos predadores, onde inexperientes e imaturos seres podem se tornar presas fáceis.

Com foco nada cita do misterioso, foca seu ensinamento numa eficiente abordagem da realidade e nisso trabalha, o pouco do “milagroso” que revela só o faz apoucos aprendizes.

No xamanismo temos uma abordagem oriunda de povos nativos que continuaram ligados a Terra, aos elementos, as forças cósmicas e telúricas.

Assim ele se apresenta mais mágico e talvez seja essa sua maior armadilha.

Permite fantasias de um tipo que podem ser letais a quem de fato busca a LIBERDADE.

Talvez isso seja um desafio a mais e ir além das fantasias seja sinal de maturidade existencial necessária para viajar incólume pelos outros mundos que nos bordejam, nos convidam com seu silêncio inicial a visitá-los.

Mundos como esse, com seres e coisas de diversos tipos, maravilhas e perigos de diversas gradações.

Nenhum de nós nasce pronto para enfrentar o mundo cotidiano.

Temos que ser alimentados, ensinados, preparados para lidar com as diversas situações desse plano que chamamos realidade.

O corpo energético passa pelo mesmo processo, nasce, precisa se alimentado e crescer com cuidados até estar maduro para enfrentar a realidade dos outros mundos que pode abarcar.

Assim desenvolver-se nesta direção é sempre um trabalho árduo e delicado, constante e disciplinado, tanto por parte de quem se desenvolve como por parte de quem ensina e zela por esse desenvolver.

Nossa sociedade gerou um sentido de depend\^nica nas relações de poder. Pais, mães - filhos e filhas , professores e professoras - alunos e alunas- chefes e chefas - subordinados e subordinadas, enfim polarizamos as relações e o clima entre elas raramente é harmônica. Há todo um jogo de energia acontecendo simultaneamente a interação. Na maioria das vezes acontece uma disputa desnecessária que atrapalha a relação, gerando pessoas cheias de agressividade.

Quando encontram um benfeitor(a) no começo trabalham bem. mas logo o condicionamento de toda uma vida vem a tona e começam a tentar estabelecer essas relações imaturas com o (a) benfeitor(a).

Assim os(as) benfeitores (as) tem uma estratégia para agir. Distraem os (as) aprendizes apontando em uma direção, quando o verdadeiro conhecimento é transmitido diretamente aos seus corpos.

Isto pode ser feito de diversas formas e por isso os acontecimentos envolvendo cada situação de conhecimento transmitido deve ser avaliada com tanta atenção quanto o conhecimento oral registrado.

Fazem parte do mesmo todo.

Daí porque é raro alguém escapar dessa prisão sem o toque de alguém.

Mas há um fato, por vezes a própria consciência da Eternidade toca alguns seres. Os Toltecas chamam isso de a “descida do Espírito”.

Os (as) benfeitores(as) não pedem fé, pedem confiança.

Não se pode segui-los, seguidores são sempre algo menos que sujeitos e só pessoas que tenham algo de autonomia moral e intelectual podem “acompanhar” os que desempenham estas funções.

Assim, quando um benfeitor como G. se manifesta num lugar como a Europa entre guerras encontramos um homem ímpar, um homem que sabia o que estava fazendo, tinha a capacidade de fazer e mesmo lutando com todas as tremendas tensões desagregadoras ali presentes( vão culminar com a Segunda Grande Guerra) agiu com foco e criou algo que ainda hoje serve de fonte de inspiração e meta para tantos homens e mulheres que estariam sem nem mesmo as parcas certezas da realidade de sua prisão e um rascunho de um plano eficiente de fuga.

PAra atingir sua meta usou da linguagem de sua época e lugar, usou da “capa” de certos caminhos, como os Templários tinham no passado usado o manto da Igreja Católica Romana, como os Sufis estão ligados ao Islã, enfim, caminhos realmente esotéricos, usando uma das tradições como meio de linguagem.

Nós herdeiros das tradições nativas temos toda uma outra abordagem da realidade e bem distante estamos da grande maioria dos termos usados ali e de tudo que está impregnado neles.

Vivemos num sonho, como diz D. Miguel Ruiz, nagual Tolteca.

Este sonho nos é imposto através de vários mecanismos, tidos por “educadores” que na realidade são condicionadores. Família, religião e escola são os três principais vetores desses condicionamentos que nos farão cervos da sociedade feudal ciberno- tecnológica cujo modo de produção ainda tem na escravidão, embora aplicada com mais sutileza opressora, um de seus pilares, a degração pela exploração e pela poluição , dos recursos naturais como o meio de manipular a matéria prima. Assim como tem a necessidade de gerar sociedades cheias de violência e divisões, de fomentar preconceitos como apoio a sua necessidade de que o medo dos que estão a volta dos(as) escravos não os (as) permita perceber aqueles(as) que os dominam acima. Neste sonho do mundo, vivemos vidas falsas, cedemos o participar pleno e co criativo a uma participação linear e pré programada. Mas para os olhos de um (a) xamã, ainda assim, isso não justifica chamar um ser humano, com toda sua mágica complexidade de “máquina” .

Existem aspectos ainda mais complexos .

Cada vez mais estou averiguando a exatidão de certos conhecimentos que declaram que vivemos nào apenas nessa realidade, mas em várias realidades simultâneas. Temos muitas vidas acontecendo em dimensões diversas, o fenômeno da Consciência é algo mais complexo que aparenta ser.

Nesta vastidão de realidades e mundos que se interpenetram somos ínfimos demais para tecer considerações finais ou mesmo julgamentos.

Estamos tomando a parte pelo todo, como uma entidade bidimensional que vivendo na superfície de um plano acredita-se que seis quadrados diferentes visitaram sua realidade quando apenas um mesmo dado estava ali caindo em suas diferentes faces.

Me arrepia ver pessoas dotadas de uma arrogância ímpar declarar que os seres que não se “trabalham” são “nada” , “pobres máquinas “ e outras posturas que denotam mais a velha necessidade de se sentir superior de alguns que o real estado de muitos.

Toda vida é sagrada! O sagrado é belo! Toda vida é uma chance de mistérios impensáveis acontecerem. Cada ser vivo é uma promessa prenhe de realizações. Quem somos nós para julgarmos o caminho de outrem?

A cena na qual O aprendiz Carlos Castañeda é questionado pelo seu benfeitos o Nagual Juan Matus sobre a validade de seu esforço em ajudar uma lesma que atravessava a calçada vale como ponto de meditação sobre a complexidade deste conceito.

Por isso, a meu ver, ao lado da implacabilidade,da astúcia e da paciência figura a “gentileza” .

Uma formiga, uma planta, um animal, um ser humano, cada um tem seu papel cósmico a desempenhar e por isto a maravilha e o mistério do existir não tem , para mim, limites.

Dessa forma creio que tudo neste mundo é um caminho e por isso toda forma de tecnologia destrutiva, das armas convencionais às nucleares, das armas biológicas as formas de atuação da engenharia social e religiosa que transformam seres humanos em verdadeiras “máquinas de guerra” todas essas formas de ação são questionáveis neste momento, revelaram-se experimentalmente ineficazes para solucionar os problemas que dizem tentar sanar, apenas reforçam condições de insegurança e facilitam o domínio dos pacíficos pelos violentes. Todas as tecnologias de destruição são questionáveis. Como é questionável o mito da supremacia dessa civilização, a que mais diretamente ameaçou a vida neste planeta, guardando agora em suas frágeis, esquizofrênicas e psicopatológicas mãos de seus estados e grupos de dominação, o poder de destruir todo este mundo. O mito de que a crença ancestral nas muitas faces da Eternidade se manifestando em cada elemento, em cada fenômeno, evoluiu para um monoteísmo que é apenas um deus tribal elevado a condição de único, representando a arrogância a imagem e semelhança dos que o criaram.

O fato de que povos vários antropomorfizaram essa percepção das muitas faces da divindade e que mais tardes sacerdotes e sacerdotisas preferissem servir a estes entes de outros mundos que vieram tomar o papel de deuses e deusas das mãos das forças naturais e implantar um império a seu modo, depois imitado pelos seus seguidores nativos de vários continentes.

E cá estamos, neste momento delicado da história humana.

Quando nos dedicamos a trilha do xamanismo sabemos que estamos ousando. Ousando ir além das prisões e limites onde encarceraram a humanidade. Este encarceramento é muito mais complexo e sério do que parece a primeira vista, o tema da raça alienígena que fundiu sua mente com a da humanidade para poder dominar e “pastorear” ativamente esta última é algo que exige cuidadosa meditação, que escapa ao alcance desta lista, pois pela própria natureza deste espaço é a mente que permite o contato e usar das algemas para falar de liberdade é algo contraproducente.

Despertar, deixar de sermos títeres de forças diversas , gerar o corpo de energia e amadurece-lo até tornar o mesmo uma unidade funcional que leve nossa essência perceptiva a vivências efetivas em outros mundos além deste, tudo isto nos é possível.

Exige disciplina, exige trabalho e exige toques de quem já trilhou antes esse caminho para que não caíamos nas muitas e ferozes armadilhas que existem, armadilhas que levaram a derrocada Impérios como o dos Toltecas e tantos outros.

Os questionamentos são muito válidos, são necessários, é o sinal de que estamos em busca de fatos e não de crenças, mas temos que avaliar as bases paradigmáticas sobre as quais embasamos nossos questionamentos ou estaremos apenas sendo hábeis em fazer o jogo da dissimulação e do cinismo tão comum a nossa era. Tenho notado muito isso. As pessoas se empolgam com o lado informação e fantasia do conhecimento, mas quando vem a parte prática, o desafio de mudar de fato a vida e agir de acordo com as informações recebidas, aí vem certos “questionamentos” que tem como fundo outra idéia : “ não quero mudar” .

Nesse sentido precisamos sempre de alguém que nos sacuda de nossa letargia e nos faça ir além dos limites aos quais estamos presos.

Aqui temos a fuga da “auto iniciação” , do “sou meu próprio mestre” , onde na realidade assistimos pessoas que gostam de teorizar , de impressionar com palavras, mas que não conseguem realizar na vida cotidiana o que apregoam em outros mundos.

A queda do império Tolteca revelou isso aos videntes. É só após conseguir lidar satisfatoriamente com esta realidade que aqui está que podemos avançar incólumes por outros mundos.

Sem realizar de fato o aqui e agora, podemos nos iludir muito, ou mesmo nos lançar a outros mundos como fuga de nossa irrealização existencial neste, mas será sempre isto: fuga, fantasia, escapismo.

O Xamanismo guerreiro é árduo, não tem espaço para fantasias ou misticoidismo. O xamanismo guerreiro tem muito pouco a ver com a onda eso - histérica que está por aí.

O trabalho é árduo, mas a LIBERDADE é um prêmio, uma conquista, nunca uma esmola.