Date:Qua Abr 4, 2001 2:11 am Texto:51 Assunto: Atitude Mensagem:779
Aloha Ventanias; Interessante observar como as pessoas foram levadas a viver em containers existenciais, seccionados, compartimentados, iludindo-se com uma abordagem separativista e egóica do mundo. Vamos olhando a nossa volta e no interior de nós mesmos e vamos encontrar tudo dividido, fragmentado, compartimentalizado. A abordagem reducionista pegou todos os campos, no biológico fomos à célula, aos genes, na matéria queria se chegar à particula fundamental, na sociedade cada um foi tornado peça especializada da vasta engrenagem, enfim criou-se um estado confuso de coisas, tentando achar a menor unidade que controlava tudo, perdendo a percepção que tudo se inter relaciona e a resultante da interação entre todas as partes é tão importante quanto as partes. Vivemos num mundo de interações, a relação entre as realidades singulares é de máxima importância. Isto é um fato observável. Como viajo muito posso notar como cada grupo que visito, em cada cidade ( pego cidades do norte ao sul do Brasil, daí dá prá observar bem) vive ainda mergulhado na limitação de sua área, suas preocupaçòes mais imediatas estão ali, na área onde está inserido, mas não em si, notem bem . O trabalho, o lazer, a vida social, até a “busca espiritual” acontece naquela área, um lugar onde vivem por tempos longos, saindo de vez em quando em ‘” feriados”, ‘férias” e “folgas” para lugares onde vão “descansar” “ aliviar o strress.” Isso cria grupos ligados a uma área que cria todo um eco sistema não só a nível orgânico biológico, mas energético( eco mesmo, reflexivo ali). Hoje por exemplo, acordei numa cidade, passei parte da manhã ali, fui prá Sampa e agora estou noutra cidade que cheguei a noite. Isto me faz perceber que cada grupo de pessoas está preso a maneirismo, a regionalismos, e respostas robóticas a condições de clima e energia do lugar onde estão sem nem perceber isso. É sutil notar isso, estamos envolvidos em atos todo o instante, a todo instante estamos “acontecendo “ na realidade a nossa volta, entretando nenhum de nós está presente neste agir, os impulsos que levam a agir nascem de estados fortuítos, determinados por condições várias. Uma das primeiras artes do Xamanismo é desenvolver a VONTADE, um estado soberano de lidar conosco mesmo e com a realidade a nossa volta. Quando despertamos a VONTADE, que é algo que deve ser desperto de forma concreta, efetiva, observável na realidade a nossa volta, entramos num outro estado de possibilidades existenciais. Por isso que antes da VONTADE existir temos que observarmo-nos atentamente, lembrarmo-nos de nós mesmos, mas não creio que devamos tentar nos “ corrigir” , “ consertar” . Pois sem VONTADE poderão ser as encanações e encucações, as culpas, carências e medos que tentem “ consertar” . Melhor é dar um concerto com o que somos até agora e nos observarmos atentamente. Aqui começa a ESPREITA , a loucura controlada, a arte da furtividade, enfim o uso estratégico do comportamento cotidiano. Fazer do agir um ato de poder, fazer do interagir uma arte. O tema que estamos trabalhando, esta idéia de ESPREITA e evolução, exige também que repensemos e resintamos a questão da espreita, tal qual é compreendida. Quando estudamos a ESPREITA ( estudar aqui no sentido holístico, uma abordagem pensante, sensível e atuante) ela revela que o comportamento pode ser usado de forma estratégica. Considero forma estratégica o uso adequado da energia. Uso adequado é o uso da energia ampliando-a ao invés de consumi-la. Há linhas de atitudes que consomem nossas energias, linhas de raciocinar e emocionar que tem este mesmo efeito deletérico. Há entretanto outras linhas de atitudes, de pensar e sentir a realidade que permite que nossa energia interior não se esgote, mas até mesmo se intensifique. Perceber essa diferença perceber os estilos de agir que temos que condizem com a meta do Xamanismo Guerreiro é uma das primeiras tarefas que todo(a) aprendiz é exposto(a) tão logo chega ao CAMINHO. Por isso a ESPREITA pode ser um caminho de LIBERDADE , se a adotamos após termos melhor nos conhecido e assim feito de seu poder um fator a mais que coloque nosso modo de agir, de sentir e pensar a realidade o mais no foco possível, o mais alinhado com o profundo INTENTO de LIBERDADE que anima aquele (a) que trilha o TAO. Há uma proposta que a linhagem dos Toltecas que encontramos revelada na obra do Doutor Carlos Castañeda , usa da metáfora oriunda da influência taoista, que o Nagual Lujan , marinheiro, de origem asiática, exerceu quando se tornou um dos Naguais da linhagem. O olho do dragão. O olho que mira a ETERNIDADE. A frieza desse olho é demasiada para algumas pessoas, este é um sinal que seu caminho não é o XAmanismo Guerreiro, devem procurar caminhos condizentes com suas formas de se relacionar com a reallidade. Há vários tipos de caminhos de acordo com a natureza profunda de cada um. ABordar e se fundir ao Olho do dragão é uma manobra que exige energia e disciplina, real dedicação para não ser consumido pelo fogo ainda mais intenso, assim mais gélido, que ali está , naquele olhar que reflete a infinitude a nos contemplar , vazia de sentimentos, além de nossa compreensão. Caminhar em direção a esta meta passa por fases. Diferentes fases com diferentes desafios. Nesta fase além da observação profunda , vale notar a respiração e começar a associar as diferentes respirações aos diferentes estados emocionais. Por isto há sempre uma parte de teatro na ESPREITA, na ARTE da Loucura Controlada. É uma ARTE, deve ser encarada como uma ARTE< assim abordagens mais ou menos, abordagens racionalóides e egomaníacas não ajudam em nada aqui, são abordagens totalmente dispensáveis pois fazem parte dos estilos que apenas consomem energia. Temos sempre uma escolha em nossas vidas, a cada momento. AGora mesmo esta escolha está aí, contigo, na força da tua presença. Podes escolher ser um mero observador distante nesta realidade ou então, sem perder esta natureza de observador distante que lhe dá um despreendimento fundamental, ser capaz de estar presente intensamente na realidade circundante, vivenciando o que lhe é posto como um desafio dinâmico, não um prêmio ou uma maldição. Encarar cada evento com um desafio, um treino de suas habilidades de lidar eficiente e sobriamente com a realidade. A vida é muito mais que os limitados níveis de existência que nos permitem neste sistema escravizador. A força vital que carregamos em nós é um trunfo, é a matéria prima onde pode ser gerada a imortalidade efetiva, não uma sobrevida em mundos outros, sob tutela e parasitismo de organismos mais antigos na realidade energética, mas como seres autônomos e presentes em nossa totalidade, participando e não seguindo. A força vital não é pedida no fim, na morte. A consciência nos foi emprestada, existe um vasto mar de consciência, um mar escuro, que anseia pela nossa consciência que brilha, pois com a força da vida levamos a consciência a brilhar. Alquimia, Tantra, Yogas, tantas artes surgiram na busca de resolver este enigma. DEvolver a consciência mas permanecer, ainda assim, singular, não num nível egóico, mas numa condição de continuidade que não é mais linear, algo que vai além mesmo do que chamamos espiritual. Com raízes nos infernos, com a copa, em seus galhos mais altos, tocando céus, acariciando nuvens, eis que desaparece, “livre, como se nunca houvesse existido” . ESta meta é um caminho que passa por observar e fortalecer a força da vida, a energia vital em nós. A energia vital pode aprender ser consciente com a consciência, existe um encadeamento de fatos de poder em nossas vidas, que os VIdentes chamam de “momentos memoráveis” . Este encandeamento é complexo, não linear e é usado como apoio final, como força de propulsão, quando chega o momento da partida, do saltar além . Assim a ARTE da ESPREITA passa por levar a uma enfatização de nossa condição singular na existência, os atos passam a ser realizados de forma artística, sensível, com poder. Lavar um copo, arrumar a cama, tomar banho, alimentar-se, praticar exercícios físicos ou mágicos, tudo é visto com o mesmo nível de atenção e presença , um nível que é medido pela frase abaixo: “ Agir a cada instante como se fosse o último” . Sintetizada numa palavra : “Implacabilidade.” É a primeira arma dos(as) xamãs guerreiros (as). Agir de forma implacável é fundamental para dar “poder “ a nossos atos. Por que um(a) xamã cura? Porque acumulou poder que lhe permite conectar-se a forças da natureza e/ou do cosmo e ser capaz de levar a percepção de quem lhe procura a alinhar-se com as emanações de saúde e bem estar, que estão tão a disposição como as de doença, é uma simples questão de escolha perceptiva. Podemos atuar assim em nós mesmos, nos questionarmos da qualidade das escolhas existenciais que temos feito. E , sem exitar, começar agora a realizar escolhas que nos coloquem alinhados ao poder e a Liberdade. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”