Date:Sex Jul 5, 2002 9:43 am Texto:115 Assunto: Re: [ventania] Re: Sabemos, realmente, que somos mortais ? Mensagem:2052
Aloha lista Aloha João
Concordo profundamente com tuas coloações no final do texto, temos uma chance de ter chance.
É muito bom enfatizar isso pois tem pessoas que se aproximam das propostas Toltecas achando que estão em alguma religião que se “seguirmos os preceitos” encontraremos alguma “ recompensa”, “ reinos do céu”, “ prêmios sagrados”.
Total ilusão.
Um trabalho de vida inteira pode resultar em nada, pode levar a lugar nenhum.
É interessante compreender que pode haver um sobrevivência de personalidade após a morte física.
Temos muitos casos em várias tradições de seres que continam a se comunicar aós a morte, mas o que o caminho Tolteca coloca é que nestes casos temos “filamentos” sobrevivendo, os mesmos filamentos que voltam para a Eternidade um dia, os mesmos filamentos que vão e voltam, “ encarnado” em outros seres e confundidos com “ minha vida anterior” pelas práticas reencarnacionistas.
O conjunto de fibras que “ animamos” durante a vida pode se cristalizar, há cristalizações de vários tipos, este ser pode sobreviver se, por diversos caminhos, tivermos criados um corpo de energia, vai sobreviver ainda mais tempo se certas medidas forem tomadas, vejam o trabalho dos ancestrais em mumificar o corpo ou agir de formas outras para garantir que o corpo dure por muito tempo.
Mas todas estas práticas apenas geram uma sobrevida, não a pretensa imortalidade.
No Fogo Interior D. Juan Matus revela uma linhagem de desafiadores da morte que enterraram seus corpos físicos em certos locais do México, o problema dessas práticas é que levam a um estado de continuidade, mas não de liberdade.
A sutileza do Caminho Tolteca, revolucionariamente ele não apenas trabalha as questões dos (as) desafiadores(as) da morte mas foi além, descobriu esta possibilidade, essa chance que temos de ter chance de reinvidicar o “presente da águia”, podermos entrar noutra condição de atenção, noutra condição de realidade que não é nem a primeira atenção, esta que nos cirunda, nem a segunda atenção, que abrange mundos outros que não este, mas um estado misterioso, chamado de terceira atenção , onde , após morrermos e abandonarmos esta primeira e segunda atenção, após devolvermos a consciência que nos foi “emprestada” para a desenvolvermos com nossas experiências, podemos reinvidicar , se tivermos energia e intento para isso, um estado existencial distinto .
Mas tudo isto são possibilidades, algo que “pode” acontecer, para o qual não temos nehuma certeza.
Por isso, a meu ver, o (a) praticante do caminho Tolteca, intenta estes objetivos com sua mais profunda percepção e isto reflete na VIDA.
PAra meu entender, praticar as propostas do Caminho Tolteca é um ato de cada instante, de cada momento, cada mínimo ato é um profundo desafio.
Ler este mail, a postura que estamos, nosso cocar colocado, nossa sintonia, atos simples como lavar um copo, andar, estar onde estamos, tudo isto é tido como um desafio, como um trabalho para ampliar a consciência e nos afastar da condição robotizante que é a “ normal” e nos despertar para as tremendas possibilidades ao nosso alcance.
Fomos condicionados a agir como máquinas, em vários setores de nossas vidas, estar aqui e agora, pleno, isto muda tudo, se nos conscientizamos que a vida é única, que esta vida é tudo que temos de fato, que este momento é nosso único e efêmero instante, tudo muda, nossa qualidade de existência se transforma para outros valores e podemos ousar deixar de sermos rôbos e entrarmos na condição distinta de seres vivos, auto conscientes.
Estou numa empresa que dou consultoria em São Paulo. Fico observando como as pessoas são sugadas na cidade grande para estarem mais robotizadas, fora dos ciclos da natureza.
Agora enquanto escrevia este mail fui até a linha de produção passar para eles uns exercícios físicos de alongamento, destinado a evitar LER (Lesões por efeitos repetitivos)
Fiquei observando como as pessoas fazem as coisas automaticamente, nestes momentos que paramos para estes exercícios há uma mudança do “automatismo”, por alguns instantes elas estão ali mais presentes, o sorriso, os comentários, é incrível observar como a energia muda por alguns instantes.
Mas alguns instantes depois já voltam a uma participação mais “dormente”.
E nós?
Como estamos?
O dia todo, cada instante é um desafio ou temos “ momentos” e depois permitimos que os “ problemas” do dia a dia, nossas atividades outras nos consumam e nos adormeçam?
O desafio do(a) praticante de caminhos como o Tolteca é justamente ir além do automatismo, é despertar de fato para nossas potencialidades interiores.
Só aí temos vida, antes temos sobrevivência.
É muito interessante observar isso.
Não fomos “criados” para este estado, não é nosso destino “ evoluirmos” para esta condição.
Não é um “caminho” espiritual .
O Caminho Tolteca é uma descoberta, resultado do estudo , da observação, dos erros e acertos de gerações incontáveis de homens e mulheres.
É muito trabalhoso porque não é “natural”, é um caminho de desafios constantes e crescentes.
É muito importante entender isso, o Caminho Tolteca não é uma “ revelação”.
Se estudamos com cuidado vamos notar que no começo o caminho Tolteca ajudou a induzir muito erros, vejam os ancestrais desafiantes da morte, as armadilhas sutis que caíram.
Notem por exemplo quantos praticantes caíram no mundo dos seres inorgânicos, os desafios iniciais quando julgavam que a segunda atenção era um mundo “espiritual”, “ superior”, como tantos caminhos ainda hoje julgam ser, enfim, tais equívocos só foram superados pela prática e observação de incontáveis gerações.
E é interessante observar que muitas práticas que são apresentadas como xamanismo hoje, são abordagens dentro desses paradigmas ancestrais.
Os(as) Toltecas não foram apenas um povo no sentido étnico. A comunidade xamanística Tolteca foi um estado de consciência, atuando em vários pontos de uma vasta região.
Eventos intensos foram forçando mudanças perceptivas quanto a realidade.
Foram momentos duros, como a invasão e subjugação, primeiro pelos povos nativos mesmo, como Astecas e outros, depois pelos conquistadores europeus que levaram o Caminho Tolteca a afastar -se de tudo que era mera fantasia e buscar um pragmatismo cada vez maior e efetivo.
Dentro de sua tribo os(as) Toltecas eram capazes de manipular o ponto de aglutinação de todas as pessoas que estavam ali, mas quando chegaram os invasores tudo mudou, poderosos(as) xamãs morrendo como moscas.
Os (as) sobreviventes foram então avaliar, avaliar como eles sobreviveram e os outros não, como seus “ aliados” os ajudaram e aos outros não e então muita coisa mudou, pois começaram a perceber que a questão chave estava no “poder pessoal”.
Hoje somos herdeiros desse caminho, os novissimos videntes.
Os antigos videntes, adeptos de práticas que valorizavam mais os fenômenos e o contato com a segunda atenção como se ela fosse um mundo “espirtual” e tal, evoluiu para o caminho dos novos videntes, quando sob ataque de grupos diversos os herdeiros e herdeiras do Caminho foram se aprofundando em práticas mais profundas e de efeitos pragmáticos e hoje, graças a ação implacável do Nagual de 3 pontas, podemos partilhar deste milenar saber e arriscarmos nossa chance de continuar a aventura que nos é proposta, a chance de termos chance.
Cá estamos, praticantes deste desafio intentando esse sonho fugidio.
MENSAGEM 2073 Sent: Wednesday, July 17, 2002 7:48 AM Subject: Enviar este mail para Ventania
Aloha lista
Ultimamente tenho questionado algumas abordagens intelectuais ou fantasiosas da realidade a nossa volta e sobre nós mesmos.
Faz já um tempo isso, mas ultimamente estive com uma pessoa ligada ao Taoismo e nestes meses fiquei muito chocado em perceber que os conceitos, as definições , todas elas, desde as mais chãs as mais transcendentes, todas sào emanadas de um nível, emoções ou raciocinios.
É muito forte perceber isso, perceber que a maior parte do que chamamos “nosso jeito de agir” é um movimento de reação.
A ação brotando da gente mesmo, de nossa própria vontade, de nossa intenção é algo raro ainda, a maior parte da humanidade planetária segue modelos prontos, tem paradigmas impostos, não escolhidos e a flexibilidade perceptiva está endurecida.
Raciocinar e emocionar lida com tipos de comportamento que respondem a uma programação ideológica de vários grupos. O que chamam de “mundo oficial” , a abordagem da realidade que temos por final e determinante precisa ser contemplada, meditada, observada com foco para irmos além do repetir daquilo que já existe, que já se mostrou insuficiente para o tamanho do desafio de ajudar este planeta como um todo a se curar, a voltar ao seu estado de equilibrio com o meio e consigo mesmo.
Há um novo tempo começando, após a noite está raiando a manhà.
Hunab Ku ressurge.
Estamos numa dimensão da realidade que nos colocaram.
A opção do xamanismo é mostrar como mudar a realidade sem nos desviar de um caminho de liberdade.
SENTIR e PENSAR são formas diferentes de usar aquilo que treinamos usando o emocionar-se e o raciocinar.
Podemos atravessar toda a existência limitando-nos a apenas nos emocionarmos dentro dos estímulos que vem da “realidade”, podemos ficar nos conceitos racionais que explicam o mundo dominante atual, podemos por toda a vida apenas teorizarmos sobre questionamentos ao modelo vigente mas na realidade cotidiana servir de várias formas a manutenção do mundo tal qual ele é, tal qual os conquistadores nos impuseram.
Escolher deixar de fato, em ato, de manter esse sistema destrutivo que domina ainda o cenário mundial é reconhecer que os conquistadores ainda estão no poder, que o mundo virou de fato um grande mercado onde o mais importante para grande número de pessoas é o gerar de capitais e poder de controle em comportamento.
Mas há outras opções por aí.
Há outros caminhos, caminhos sutis, que não se impõe, apenas se revelam existentes, apenas emanam o que são, como o sol surgindo na cinzenta cidade.
Perceber a realidade em outros níveis.
Me parece que esta energia de Hunab Ku que está chegando agora ao planeta , está impregnada de novas e desafiantes formas de existência, mas dentro de uma perspectiva equilibrada em relação ao meio.
Estar em harmonia é um caminho para o Ser.
Estou trabalhando com consultoria para projetos sustentáveis e dentro de uma proposta de Melhoria Contínua. Tem empresa que entro uma vez por semana as 5:30, para passar o treinamento na entrada do pessoal na linha de produção. O tempo , o horário, a tal 5:30. Uma vez por semana este horário está lá e a gente tem que chegar no horário.
Neste momento é irônico ler “ tempo não existe”. As vezes LEIO TEXTOS com uma abordagem sobre o tempo que me parece perdida em uma abordagem racional.
Creio que o xamanismo guerreiro propõe uma outra relação com o tempo e neste sentido o tempo de fato não existe, mas nesse mundo, gerado por esta posição comum que o ponto de aglutinação foi fixado, há um tempo acontecendo
Quem trabalha em qualquer setor da econômia oficial em algum momento está ligado ao tempo, tendo que cumprir horários, efetivos.
Horários, são 7:10, daqui a pouco estarei num escritório, uma empresa, pessoas focadas nos desafios do mercado ali.
Tantas influências, mas o que chamam de realidade ali é um conceito de “realidade” de uma sociedade.
É complexo isso, entender que nossa “abordagem da realidade” é no começo fruto dos condicionamentos que recebemos e continuamos recebendo.
ESte primeiro momento, quando reconhecemos que somos um ente perceptivo, que somos um ponto perceptivo, ponto adimensional, isto muda muita coisa. Pois podemos deixar de nos identificar com o que “fizeram de nós” e podemos de fato mergulhar nesse lugar interior, silêncioso, singular, de onde podemos brotar sinceramente como novidade e não mera repetição do que já foi realizado. O papel dos caminhos é mostrar a liberdade e a relação direta nossa com a Fonte. Isto é fantástico, somos ponte, ponte entre mundos diversos que se encontram pelo nosso existir.
Somos pontes.
A diferença da proposta de observar a realidade que o xamanismo faz permite entrar numa linha de existência ‘singular, própria e nesta “unidade” podemos ir além das programações que herdamos enquanto membro de uma espécie cumprindo funções para o metabolismo do organismo cósmico onde estamos inseridos(as).
Observar o mundo como ele é em si.
Sentir a realidade que nos envolve pelo que ela passa de fato, estar atento no aqui e agora do momento onde estou.
O Xamanismo guerreiro restaura uma linha que permence secreta há eras, trás a possibilidade de entendermos um pouco mais, mesmo racionalmente, outra forma de abordar o mundo, a ação impecável, astuciosa, paciente e gentil.
Esta combinação de estilos de agir faz com que realmente ocorra um “agir” e não um mero reagir, que as vezes até vem disfarçado de atividade, de conhecimento, de sistema , de caminho, mas não o é.
A ação brota da vontade, sem vontade não “há ação de fato”, só reação, estaremos agindo por causas que foram deflagradas em outros tempos, estamos respondendo ao contexto social onde estamos inseridos representando um papel ao qual fomos acostumados desde que nos tornamos “maduros e auto-suficien-tes”. Ser maduro e auto suficiente é uma forma de se colocar das pessoas que neste mundo conseguem “se manter”.
É um desafio se manter nesse mundo, de fato, com equilíbrio, existem várias formas, na realidade toda pessoa que está na sociedade de alguma forma está se mantendo enquanto “individuo”.
É interessante observar isso, todos tem nomes, profissões, aparências, enfim cada uma das pessoas do mundo de hoje, cada individuo onde quer que esteja, é uma possibilidade humana, cada ser humano que nasce hoje está exposto a uma descrição de mundo que, em linha gerais, se tornou impressionantemente comum por este estranho fenômeno que alguns chamam de “globalização”.
Desde umas 10 500 voltas do Sol atrás que não acontece uma civilização global e integrada como esta que estamos.
Agora estamos de novo, sintonizados com vários tipos de estilos de vida que podemos adotar como resposta constante, como ação base mesmo.
Atitude.
Mas será que é só isso o “ me manter” , será que não estamos presos num jeito de agir e relacionar, tanto com o meio como com a gente mesmo?
Será que não temos que rever todoas nossa verdades constantemente, ampliando a percepção da realidade?
É este ponto que tenho percebido, os outros mundos, as experiências advindas do trabalho mágico, revelam realidades que não dá nem prá aludir com palavras.. É tào ampla a mudança resultante de um caminho de autonomia existencial e são tão restritas as propostas fruto desse mundo condicionado, doutrinado, limitado, conquistado que nos ensinaram a perceber como “única” realidade.
O desafio nestes caminhos é trilhar com foco, evitar “naufragar” no tempestuoso mar que as vezes surge, tão pouco se deixar prender pelos mares paradisíacos. Para os (as) xamãs guerreiros (as) há a aventura da Eternidade, sem ficar preso em nada, mesmo os Deuses e Deusas ao fim do Mahavantara ou mesmo do Kalpa, se verão dissolvidos, frente a este fim, este dissoslver em tantas possibilidades há uma liberdade diferente acenando da 3ª porta, sutil.
Há uma era de comércio e comerciantes e algumas classes outras que ainda gravitam em torno do dinheiro também, assim, acabamos restritos a um planeta onde industrias de armas e destruição desenvolvem tecnologias para garantir o poder aos grupos que servem.
E por diversos meios há um dominio, mas agora questionado, sobre nossas vidas e os destinos do mundo.
O importante é reconhecer que estamos em outro tempo, outro espaço, a era de dominação acabou, o domínio de grupos nao justifica mais, há uma realidade muito ampla vindo do Centro da Galáxia.
Dentro de mais ou menos 10 voltas ao redor Sol estaremos recebendo o pulsar do coraçào da galáxia, o momento no qual a força do centro da galáxia emite pulsos de sua presença, o mundo se vê perante o abismo e tem a coragem de saltar, livre, só, pleno.
Há mundos novos voltando e dizem que muitos dos que se foram na última pulsação voltam , trazendo novas amizades.
A TRibo do Arco Íris está em ação.
Chegou o tempo mágico.
Começou, não há mais tempo de investir a energia nossa em modelos de realidades que vieram dos conquistadores.
É chegado o momento de vestirmos nossas cores reais e começarmos a ousar, a agir, para manifestar na realidade o que sabemos estar vindo de outros mundos. Os grupos dominantes continuam desenvolvendo suas estratégias para que o mundo inteiro tenha uma uniforme e pouco variante percepção da realidade, para que nesta visão programada se adapte a esse modelo de produção global que estes(as) neo senhores (as) feudais , alguns comerciantes, militares e mais algumas facções como igrejas e outras, estão impondo aos seres humanos como visão única de realidade.
Observar isso com foco é muito importnate, é momento de entender que tudo que chamamos de realidade é apenas uma descrição, a descrição que a Igreja com os Invasores trouxeram até este continente, se aproveitaram de disputas tolas das tribos aqui viventes e impuseram um modelo de civilização.
Hoje estamos tendo a chance de saber um pouco mais, de conhecer mais as formas de viver de povos nativos ancestrais, quando estavam em contato com a VIDA, consigo mesmos, então viviam de forma harmônica, presenciando mistérios de todo escopo.
Prá mim é claro que esta sociedade que aí está é uma sociedade gerada pelos conquistadores, tem muitos valores de uma sociedade de escravos (as) por isso para de fato compreender e trilhar o caminho do(a) guerreiro(a) do Arco Íris é necessário compreender os fatos que nos levaram a ser membros de uma sociedade de escravos (as) e trabalhar ativamente para sair dessa.
Me parece que o começo de tudo é observar, observar a gente mesmo e tudo a nossa volta, para descobrir o que as coisas e eventos, as pessoas e situações, são de fato, não nos limitarmos a uma descrição de mundo que nos dão pronta, mas ousar construir outra abordagem da realidade.
É fundamental observarmos a nós mesmos, lembrar de nós mesmos, é fundamental deixarmos de ser um conjunto de estilos de reagir, emocionar e raciocinar e chamar esse aglomerado de “eu”.
Uma chave que as tradições nos trazem é a percepção que devemos ter sempre um trabalho eficaz no corpo Tonal, o tonal, o dia a dia, a chamada realidade, deve ser bem resolvida, precisamos viver plenamente nesta realidade, antes de ir para outras realidades, a Tradição ensina que se lidamos satisfatoriamente no mundo “real” já estamos preparando nossas habilidades da segunda atenção para operar com eficiência em outras realidades.
Há um mundo acontecendo a nossa volta, um mundo composto de muitos mundos, cada ser humano é um “parente da mesma fonte” como alguns chamam, toda a vida é nossa “parenta”, estamos ligados ao respirar e fluir da Eternidade através de nós, por nós, além de nós…
A percepção de realidade que um Caminho nos desperta permite que mudemos completamente nossa relação com a realidade , não apenas conceitualmente mas efetivamente.
Um dos conceitos fundamentais do xamanismo é a ligação com a Terra, enquanto energia, feminina, manifesta na Natureza, em suas facetas amplas, do brilho dos olhos do predador na floresta, a sutileza de um beija flor numa flor rica em néctar, o mistério da vida, em todas suas formas.
Conectar-se a Vida é uma necessidade do Xamanismo, no Xamanismo aprendemos que somos parte da Terra, desligados (as) por ação bitolante do sistema dominante e seus vetores.
Assim o primeiro desafio além de observarmos a nós mesmos é estarmos conectados a essa energia de forma plena, algo que está muito longe do que julgamos ser isto.
Me parece que o começo de tudo é aprender que podemos de fato “vir a existir” enquanto ser singular e a necessidade de guardarmos energia para que nossa percepção possa captar realidades outras além das que nos foram condicionadas. É muito importante lembrar que xamanismo vem de uma civilização distinta com paradigmas distintos, então os valores que damos as palavras que usamos não tem acesso direto aos valores destas civilizações, que ao contrário dessa civilização escravizada e restrita, possuiam uma abordagem da realidade ampla, complexa, dinâmica.
A tradição mágica está aí, apenas visível aos que “olham envesgado”.
Alguns mitos já bem “popularizados” e algumas lendas sobreviventes da tremenda perseguição que a história e os fatos desses povos sofreram ainda estão por aí, mas nos caminhos secretos nunca o saber deixou de fluir, como límpido rio da tradição espiritual .
É importante lembrar disso, ritos e conhecimentos de vários povos foram destruídos na tentativa de assegurar a escravização que continua de forma acentuada, basta olhar com atenção o mundo a sua volta.
Há uma conexão diferente de um (a) xamã com a Terra.
Esta conexão não surge por “fantasia” , ou por apenas reinterpretarmos todos os conceitos que introagimos nesse períodos de vida exposta a “educação” do sistema.
Não adianta apenas mudar os títulos, nao adianta mudar nomes, falar as mesmas coisas com conceitos diferentes, o mergulho em nós mesmos tem de ser profundo, além de toda programação, até chegar naquela dimensão silenciosa que está apta a expressar não “o que fizeram de nós” , mas o que de fato somos, entes perceptivos, atiçando o brilho da consciência com nossa percepção.
Percebemos.
Algo é percebido.
Mas não precisamos interpretar esse algo como determina nossa educação, podemos ir em busca de outras interpretações da realidade, oriundas de desafios de vida com intenções mais amplas, mais profundas, ao invés de servir grupos de poderosos, servir modelos prontos de realidade gerados por pessoas, dentro da forma humana, ousar ir além, em busca de uma fugidia liberdade , que até na palavra apenas alude a algo que está noutro estado, noutra realidade.
É muito importante para quem trilha a proposta Tolteca reconhecer que a força e a magnitude da civilização Tolteca não foi um dado racial, falamos de um xamanismo aberto a todas as correntes humanas , a todas as correntes vivas, o velho nagual fala das árvores no quintal de uma das casas do grupo, como árvores guerreiras que também estão no grupo.
Portanto, as possibilidades do Caminho Guerreiro são surpreendentes e além de nossa imaginação, já sempre algo que brota, espontaneamente, insights que revelam linhas de agir e existir, que nos colocam em sintonia com outras esferas da existência, mundos completos, onde podemos escapar da escravidão e construir vidas completamente satisfatórias.
A civilização dominante, mesmo em seus aspectos espiritualizados coloca que os minerais “evoluem” em vegetais , os vegetais em animais e os animais em seres humanos.
É um consenso entre a maior parte dos caminhos conhecidos por espirituais, que existe uma “evolução” e cada reino está num “nível evolutivo diferente.
O xamanismo que estamos estudando aqui faz parte de outra abordagem da realidade, uma abordagem onde pedras, plantas, animais, nós, somos formas distintas da manifestação da mesma Fonte, da mesma origem emanamos, cada um de nós está singularizando porções de energia e consciência que ganhamos ao nascermos , que vieram da fonte.
O foco é ir além.
Assim existe energia e consciência em minerais, vegetais e animais, como também nos seres orgânicos, que tem consciência e energia , mas não forma orgânica, assim , nesssa diversidade é importante profundo foco no aqui e agora, onde quer que seja esse aqui e agora, neste mundo ou em “mundos outros que não este”.
Essa mudança de foco perceptivo permite nos relacionarmos com o “PODER” com nossos sentimentos, não com descrições racionais, também longe de emocionalismos, assim como o PENSAMENTO, o pensar pode surgir como uma nova forma de lidar com o mundo, além do racional, o Sentir também pode ser empregado no lugar de emocionalismos vãos, ao invés de agirmos em procedimentos que reforçam o sono e a inconsciência podemos agir nos mínimos detalhes, em cada momento, para irmos além dos limites que nos impuseram e resgatar nossa liberdade perceptiva, a liberdade fundamental para um ser perceptivo.
Me parece que a medida que conseguimos entrar em outras descrições de realidades nossas possibilidades existenciais vão além do descrítivel em palavras.
O tal Silêncio que tanto falam, é um estado indescritível, não é vazio embora nada ali exista .
Somos seres perceptivos, percebemos, mas o que interpretamos da interpretação veio de um condicionamento, daí que considero muito importante podermos conscientementes trabalhar nossos condicionamentos interiores, através da auto observação para começar detectando-os.
Me parece fundamental essa percepção que precisamos começar nos libertando dos limites e condicionamentos perceptivos que nos impuseram ao nos “educar” , os condicionamentos que recebemos de nossos pais e parentes e meio social da infância.
É muito importante estudar ao meio do qual viemos, há muita coisa que julgamos “nossas” e vamos descobrir que foram apenas respostas, imitando ou brigando, com padrões que foram impostos.
No caminho de irmos mais ao fundo em nós mesmos vamos vencendo níveis com os quais nos identificamos, Gurddjieff chama de “falsa personalidade” , o conjunto de estilos de reagir , emocionar e raciocinar que nos enganamos acreditando que é um “eu” quando é apenas um aglomerado, forjado pela educação e situações de vida.
Temos tantos condicionamentos que geralmente quem impõe apenas repete o que acredita certo, perpetua sua visão de mundo mesmo sem se identificar com ela.
Um caminho com coração busca outros desafios.
É, apenas, é.
Não há como trilhar o desafio Tolteca e não trilhar apenas caminhos com coração, apenas…
As propostas Toltecas utilizam muita energia, é vital descobrirmos caminhos que não dissipem nossa energia , assim agir aqui e agora com foco em atitudes com “coração” é uma forma de atingir outra forma de participar da realidade, uma forma tão mais ampla que num certo momento a interação com níveis fora desta realidade se torna possível, estar aqui e aqui começa a ser praticado.
Me parece que é neste momento que precisamos mais de equilibrio, pois a partir desse instante nenhuma explicação, nenhum amortecedor vai mais fazer efeito, podem disfarçar de vez em quando, mas a liberdade completa que perceber a essência infinita da realidade, não permite mais nos limitemos a explicações racionais da realidade.
A razão é uma dimensão da realidade, é fruto de uma posição do ponto de aglutinação, se mudamos o ponto de lugar vamos alinhar mundos de outras realidades, com outras formas de relação.
Este o desafio que todos enfrentam, aprender a entrar em outras descrições da realidade, aprender a “funcionar’” em outras realidades.
É um tema que voltaremos neste alvorecer de Hunab Ku