Date:Sáb Abr 21, 2001 1:14 pm Texto:56 Assunto: Seguidores e Atores - Dois momentos Mensagem:821
Alguns temas são amplos em possibilidades de abordagem. A questão do xamanismo como caminho é um desses temas. Creio que tudo começa com a percepção do que é um CAMINHO. Parece que o TAO definível não é o TAO, o Caminho é além da mente descritiva, onde colocamos nossas definições. O falar faz parte da memória, está dentro de um código pré estabelecido e uma sintaxe própria, que assim limita a seus limites o que toca, é uma forma que enforma e restringe a totalidade que pretende aludir, apresentar. C Pierce aborda este tema , a questão do conhecimento direto, sem palavras, que ele chama de Primeiridade e o conhecimento já decodificado , logo restringido e moldado, pelas palavras. Esse é o primeiro passo, que acredito, devemos levar em consideração para realmente nos comunicarmos, comum, tornar comum o que sentimos e pensamos da realidade. Usamos as palavras, mas raramente mergulhamos em seu profundo sentido. A mente é um escudo poderoso para quem trilha os caminhos da Eternidade, não o mero racionalismo , mas a mente mesmo em toda sua plenitude. Como cacos de espelhos as palavras refletem amplitudes que desejam definir e assim interagir. A comunicação é uma das artes mais complexas dentro de uma civilização, dentro de uma cultura. Conseguir estabelecer uma comunicação objetiva e sem obstruções é difícil, mas necessário. Desenvolver uum vocabulário objetivo, isto é, onde as palavras aludem, apontem para significados bem demarcados é o primeiro passo em todo caminho e escola iniciática. Se acompanhamos o caminho de CC, por exemplo, ele é a narração precisa de uma introdução do mesmo a uma nova realidade e a consequente sintaxe para expressá-la. ESsa “estrutura interna” da obra de CC dá a mesma uma confiabilidade intrínseca. Não importa se foi do jeito que ele contou ou não, o fato é que os conceitos fundamentais, os cernes abstratos da obra de CC fazem parte de um conjunto de informações que vamos encontrar no Taoismo, Budhismo esotérico e outros segmentos menos conhecidos. FAlar do Xamanismo em nossa cultura usando da Sintaxe de nossa cultura é um desafio tremendo, pois as palavras foram tão mal usadas, foram contextualizadas em níveis tão abjetos, por uma civilização que escraviza essências, que com sangue e suor engraxa suas engrenagens, que os termos acabam significando algo muito longe do que queríamos. Hoje falamos de harmonia entre os vários povos, nós do povo natural e os civilizados com seus credos podemos viver juntos em harmonia e respeito. Não resta dúvida que existe um cristianismo esotérico, um budhismo esotérico, um Islamismo esotéritco , mas o que vemos espalhado por aí não é um caminho de liberdade. Mudar de vício, deixar de usar drogas químicas para ser servo de uma droga psicológica, gerada por uma religião é apenas mudar de senhor, nunca deixar de ser servo. Neste sentido a obra do Doutor Carlos Castañeda tem grande valor. Na era dos paparazi, em que uma princesa da poderosa Inglaterra tem sua vida ceifada ao fugir destes caça intimidades, poucas fotos temos dele, todas contraditórias. E depois sumiu “ livre como se nunca houvesse existido”. Ele cumpriu o que falou, foi coerente, para mim isso é o poder pessoal efetivo. Se as coisas com ele aconteceram do jeito que narra ou não só quem não entendeu a proposta da “ausência de história pessoal” deve crer qual devoto em tais mitos. O novo nagual é um mito, ele não pode ser encarado com a mente mesquinha do predador, a mente que nos torna escravo vai sempre negar todo caminho de liberdade. É muito interessante observar os jogos da personalidade. Quem vive no ego verá ego em tudo, quem vive na mentira verá mentira em tudo, que anseia por um mestre vai negar que existam, quem busca conforto não entende o caminho da Liberdade. Por isso creio que acontece esse lance que o Outsider comentou, pessoas defendendo “São Castañeda” mas o mesmo elo de prisão existe em quem perde seu tempo tentando provar o contrário. Pois o que importa são os cernes abstratos das histórias, é o ESPIRITO se manifestando, INTENTO se revelanto. E o “ter que acreditar” é uma opção que os seres que sabem que vão morrer tem. E o “ter que acreditar” precisa de poder pessoal, assim vemos a personalidade mesquinha , a mente do predador querendo limitar assuntos que não abrange, que a ameaçam, em seus tacanhos paramêtros. E “ter que acreditar” não é simples. Temos que levar em consideração que o cara pode ser o maior engamelador da freguesia de sucupira , que pode ter inventado tudo, usando fontes fidedignas, mas ainda assim temos hoje o mito criado e num certo momento o mito se torna tão real quanto a frágil realidade que se contrapõe a ele, esta realidade de bolsas de valores e pessoas vendendo suas vidas. E ëntão assumimos a responsabilidade total por nossa crença e não importa mais se foi assim ou assado, porque a realidade de nossas atitudes torna o mito fato, reatualizamos o mito no ritual da coerência de nossas vidas com o que acreditamos. Conversa de comadres: “Castañeda mentiu? “ ( benzendo-se em proteção ao demo) Quem lê a obra se supreende com a habilidade de criar uma nova sintaxe que ela revela. Mesmo usando ds palavras consegue nos arremeter por um mundo de silêncio, de mistério, que inutimos existir mas precisamos de toques externos para nos garantir que existe. O que Castañeda coloca só é novo e revolucionário para o caquético ocultismo europeu, perdido em brigas de ego de pessoas que se enchem de títulos pomposos, de ares de uma nobreza decadente , o ocultismo europeu preservou o que de pior a aristocracia tinha, a arrogância de ser superior por possuir algo, sangue azul ou poder divino que faz alguém melhor que outro alguém. Como pode alguém cair em semelhante tolice? A resposta esta ali também, pela auto piedade disfarçada de importãncia pessoal. O Taoismo tem total similtude com a proposta TOLTECA apresentada por D. Juan Matus a seu aprendiz, hoje questionado ou deseificado. Um nagual não é um messias, o conceito de messias é danoso , pois ele foi deturpado. Pode ser que na sua essência podia significar o líder, o guia de seu povo que guia pela força de sua vontade, não oprimindo mas estimulando cada um a revelar o mais intensamente o que traz em essência. As pessoas agora vão venerar C.C. , vão cultuá-lo pois é fácil e comôdo cultuar quem não mais vive aqui. Os seguidores adoram quando o mestre desaparece, pois podem agora “interpretar” o que foi dito e a incomôda presença de um mestre vivo não mais os incomoda, podem ceder aos jogos de sua personalidade e permitir brincar onde a presença de um (a) mestre (a) vivo (a) nos instiga a agir com foco e objetividade. Seguir é ser menos que humano e o caminho é para humanos. Temos que ter coragem, ousadia. Neste sentido o caminho do (a) guerreiro (a) é para quem É forte, pode até ter perdido contato momentâneo com sua força, pode estar expressando sua força na forma de um capricho ou mesmo de um desequilíbrio, mas a Força está lá, presente, essência. A maior falha possível ao caminho é tentar fazer proselitismo dele. Podemos mesmo passar algumas práticas propostas do caminho que servem a todas as pessoas, vejam o que o grupo de CC fez com a Tensigridade, deu-lhe um formato que permite ser usada por pessoas que nem se interessam diratemante pela proposta do xamanismo guerreiro. Mas é um caminho para quem dele faz parte, sem elitismo, sem bobagens aristocráticas. É como ser artista, podemos apreciar a ARTE , podemos fazer da ARTE um auxílio ao bem viver, ouvindo músicas belas, apreciando obras tocantes, mas SER artista é outra história. Tem seu preço e o passaporte de um (a) guerreiro (a) para o Caminho é sua morte, é saber que já morreu para o mundo e daí vem a coragem infinita para enfrentar os tremendos desafios que a ETERNIDADE nos apresenta. Assim, querer seguir qualquer caminho ou pessoa é uma proposta estranha ao que discutimos aqui, falamos de responsabilidade, foco e determinação. Nós que nada somos podermos encarar incólumes a solitária vastidão da ETERNIDADE.